
Israel recorda 2º aniversário do ataque do Hamas, em meio a negociações para encerrar conflito

Israel recorda, nesta terça-feira (7), o segundo aniversário do sangrento ataque do Hamas que desencadeou a guerra em Gaza em 7 de outubro de 2023, enquanto as negociações indiretas avançam no Egito para encerrar o conflito e libertar os reféns.
Exatamente dois anos atrás, no final do feriado judaico de Sucot, milicianos deste movimento islamista lançaram o ataque mais mortal da história de Israel desde sua criação em 1948.
Protegidos por foguetes disparados da Faixa de Gaza, milhares de combatentes do Hamas e outras organizações palestinas destruíram a barreira na fronteira com Israel e atacaram comunidades agrícolas, bases militares e um grande festival de música no deserto.
O ataque matou 1.219 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem baseada em dados oficiais israelenses. O Hamas levou 251 reféns para Gaza, dos quais 47 permanecem em cativeiro, incluindo 25 que, segundo o Exército israelense, estão mortos.
Às 6h29 locais (00h29 de Brasília) desta terça-feira, mesmo horário em que o Hamas lançou seu ataque em 2023, parentes dos mortos no festival fizeram um minuto de silêncio no local em homenagem às mais de 370 pessoas mortas.
“Estou aqui para estar com ela, porque foi a última vez que ela esteve viva, aqui com seu noivo, Moshe”, que também foi morto naquele dia, disse à AFP Orit Baron, 57 anos, mãe de Yuval Baron, uma das vítimas.
Outro momento importante acontecerá esta noite em Tel Aviv, onde uma cerimônia foi organizada pelas famílias das vítimas na Praça dos Reféns, o epicentro da mobilização pela libertação de todos os sequestrados pelo Hamas.
Enquanto negocia indiretamente com os israelenses no Egito para encontrar uma solução para o conflito, o Hamas justificou nesta terça-feira o massacre perpetrado em 7 de outubro de 2023.
“Foi uma resposta histórica às tentativas de erradicar a causa palestina”, afirmou o membro do alto escalão do Hamas Fawzi Barhum, em uma declaração transmitida pela televisão.
– “Perdemos tudo” –
A ofensiva de retaliação israelense em Gaza não cedeu e já provocou pelo menos 67.160 mortes, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do governo liderado pelo Hamas, considerados confiáveis pela ONU.
Em Gaza, bairros inteiros foram arrasados, com casas, hospitais, escolas e redes de abastecimento de água em ruínas.
Centenas de milhares de moradores de Gaza estão abrigados em acampamentos superlotados e áreas abertas, com pouco acesso a alimentos, água ou saneamento.
“Não sei quando esta guerra vai acabar. Meu sonho é que termine agora mesmo, não amanhã”, disse à AFP Abir Abu Said, um palestino de 21 anos que perdeu sete membros da sua família.
“Não confio mais em ninguém. Os negociadores israelenses, assim como o Hamas, todos mentiram para nós. Morremos a cada minuto”, lamentou.
Após dois anos de conflito, 72% da população israelense está insatisfeita com a condução da guerra pelo governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, segundo uma pesquisa recente.
– “Negociações positivas” –
Israel ampliou seu alcance militar ao longo da guerra, atacando alvos em outros países da região, incluindo Irã, Líbano, Síria e Iêmen, e matando várias figuras proeminentes do Hamas e o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, há pouco mais de um ano.
Israel e o Hamas enfrentam uma crescente pressão internacional para encerrar a guerra. No mês passado, um relatório de investigadores independentes da ONU indicou que Israel cometeu um “genocídio” em Gaza enquanto grupos de direitos humanos acusam o Hamas de crimes de guerra em 7 de outubro.
Ambos os lados rejeitam as acusações.
Na semana passada, o presidente americano, Donald Trump, revelou um plano de 20 pontos que inclui um cessar-fogo imediato assim que o Hamas libertar todos os reféns, o desarmamento do grupo e uma retirada israelense gradual de Gaza.
As negociações indiretas começaram na segunda-feira na cidade turística egípcia de Sharm el-Sheikh, sob forte esquema de segurança.
Segundo duas fontes palestinas próximas à delegação do Hamas, às quais se unirá na quarta-feira a delegação americana liderada pelo enviado especial Steve Witkoff, as negociações foram “positivas” na segunda-feira.
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