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Jogadores suíços do Napoli preparam temporada

Gokhan Inler já é chamado pela torcida de "guerreiro do Napoli" swissinfo.ch

Os suíços Gokhan Inler e Blerim Dzemaili jogaram quase no quintal de casa, durante as duas semanas de preparação do Napoli, aos pés das Dolomitas, Patrimônio Mundial da Humanidade, tombado pela Unesco.

A cidadezinha de Dimaro, no vale do Sol, perto da fronteira com a Áustria e a Suíça, cercada de montanhas, abrigou a pré-temporada do novo time destes dois jogadores.

E um terceiro jogador, Xherdan Shaquiri, do Basilea, está na mira do Napoli e de outros clubes italianos. O mercado está em ebulição e aberto até o fim de agosto.

Nesta temporada, o Napoli, graças ao presidente Aurelio De Laurentis – casado com uma suíça- tem garantida uma dupla afinada pelas experiências em comum no FC Zurique e também na seleção nacional. Pouco antes da viagem a Dimaro, Inler declarou: “ Estou feliz, tinha decidido vir ao Napoli tempos atrás. De Laurentis coroou o meu sonho. Esta é uma grande empresa, uma bela família e tem um público especial”.

A tabelinha entre Inler e Dzemaili funciona dentro e fora do campo. Durante a apresentação à imprensa, Dzemaili revelou que torcia por um Inler napolitano: “ Eu joguei com Gokhan dois anos no Zurique e vencemos dois campeonatos. Nos conhecemos muito bem. Quando eu soube que o Napoli apostava nele eu telefonei para lhe dizer que gostaria de jogar de novo come ele. E foi o que ocorreu”.

A reunião dos dois jogadores ganhou força no convívio na concentração em Dimaro. Ambos já são considerados figurinhas napolitanas antes da estreia oficial. A foto oficial do Napoli está exposta num “outdoor” gigante, na entrada da cidade, e também nos bares e bancas de jornais espalhadas pelas ruas estreitas de Dimaro. Na imagem já estão os dois centro-campistas suíços. 

No campo de treino, os suíços demonstram uma perfeita integração com os demais companheiros de time. No treino tático eles se exercitam lado a lado. E nos coletivos os dois ensaiam juntos jogadas que deverão repetir diante dos adversários da série A,  da Liga de Campeões e da Copa da Itália, ao longo desta temporada. E enquanto os jogadores já deixaram o campo de treino, Inler continua lá, treinando a cobrança de faltas. “Estou muito bem, treinamos aqui por duas semanas, com este time e estou realmente feliz”, disse ele à swissinfo.

Ar suíço, público napolitano

A cidade, típico vilarejo de montanha, recebeu o time e os torcedores com grande entusiasmo. As fachadas das casas estavam enfeitadas flores azuis claras, cor do time. O calor dos torcedores compensou as temperaturas amenas mesmo durante o verão. Eles lotaram os poucos hotéis da cidade e passeavam pelas ruas com as camisas do Napoli e com os animais de estimação enfeitados com a bandeira do clube do coração.

Os jogadores, acostumados aos treinos à sombra do vulcão Vesúvio, passaram quinze dias em preparação física e treinando tática num ambiente tranquilo e de rara beleza do arco alpino. O time do Napoli hospedou-se em um hotel localizado na entrada da cidade. Para chegar no campo de treinos, os jogadores tinham que atravessar o centro histórico de Dimaro para alegria da vizinhança e dos torcedores que levantavam cedo e acompanhavam de perto toda a rotina do grupo.

Alguns jogadores iam a pé, outros em bicicleta, mas a maioria seguia em carros do hotel. Quase nenhum atleta parava para fazer fotografias e assinar autógrafos, frustrando crianças e jovens de plantão, no fim da estrada. Mas esse tipo de atitude faz parte do jogo e todos sabem que é uma loteria se aproximar de jogadores elevados à categoria de ídolos.

Torcida e fé

Mesmo assim, ninguém desiste, insiste, e tem gente que vem de longe, de Nápoles, em férias com a família, acompanhando o clube. Outros, sempre napolitanos, migrantes em várias regiões do norte italiano e imigrantes em outros países, como a Suíça, chegam movidos de paixão pelo time do coração, vieram a Dimaro.

E os olhos estão apontados para o capitão da seleção suíça, Inler: “ Ele é um meio-campo  muito forte. Saberá dar uma boa pegada ao Napoli e tem personalidade; o Napoli precisa de jogador com personalidade. “Já Dzemaili não é tão forte quanto Inler, mas sabe bloquear bem e serve à nossa causa”, disse Francesco Pinto, napolitano radicado em Aarau, à swissnfo.ch. Com o boné do time na cabeça, ele fazia plantão na porta do hotel que hospedava o time, sob a chuva fina.

Antes do amistoso com um time local, o Barletta, os jogadores, dirigentes e torcedores do Napoli receberam uma visita muito especial. Uma comitiva de padres, capitaneada pelo arcebispo de Nápoles, D. Crescenzio Sepe, veio abençoar o time. Uma missa foi celebrada à margem do campo, na pista de atletismo. Antes da homilia, o bispo confessou, no gramado, junto aos jogadores do time: “ Eu disse ao Inler que deve continuar a marcar aqui”.  

No sermão, ele lembrou que o “Napoli é um bem comum e um exemplo vencedor de uma cidade cercada de problemas”. Ao final, D. Sepe abençoou a temporada do time, todos os presentes e, os fiéis, torcedores ou não, comungaram ali mesmo, nas arquibancadas.

Dimaro tem 1.250 habitantes e 766 metros acima do nível do mar.

Aurelio De Laurentis, presidente do Napoli, é filho de Dino De Laurentis, ambos produtores cinematográficos.

O Napoli é uma legião estrangeira de jogadores. Dos 24 atletas, 3 são uruguaios,  4 argentinos,  1 sueco, 1 eslovaco, 1 espanhol, 1 colombiano e 2 suíços. O restante é italiano.

Inler foi apresentado no dia 11 de julho. Dzemaili, 3 dias depois.

Dzemaili jogou 4 anos no Zurique, um no Bolton,  inglês, e, mais tarde, no Torino e no Parma, italianos-

Inler jogou no Basilea, passou pelo Aarau, Zurique e quatro anos no Udinese italiano e agora no Napoli Já conquistou a exigente e festeira torcida napolitana que o apelidou de “guerreiro do Napoli”. A camisa 88 de Inler foi a mais vendida em Dimaro.

O Napoli encerrou a temporada passada em terceiro lugar, atrás do campeão Milan e do vice Inter.

Maradona ajudou o Napoli a ganhar dois títulos italianos, nas temporadas 86-87 e 89-90.

Os brasileiros Alemão e Careca também jogavam no Napoli nessa época

Ciriaco Sforza, Ramon Vega, Marco Pascolo, Johan Vogel, Kubilay Türkylmaz, Valon Behrami,  Michel Morganella, Stephan Lichtsteiner, Zdravico Kusmanovic, Migjen Bascha, Gaetano Berardi, Alain Nef, Jonathan Rossini, Marco Padalino e Reto Ziegler são alguns dos suíços que, nos últimos 15 anos jogaram ou jogam no  futebol italiano, nas diferentes divisões.

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