Maduro condiciona negociações com oposição à recuperação de fundos bloqueados
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, condicionou nesta sexta-feira (14) sua participação em uma nova negociação com o opositor Juan Guaidó à recuperação de fundos da Venezuela bloqueados no exterior e ao controle da refinaria Citgo, entregue ao líder da oposição.
“Que prestem contas por todos os recursos que o governo dos Estados Unidos lhes deu para conspirar e devolvam todas as contas bancárias, devolvam a empresa Citgo e (a petroquímica) Monômeros às mãos de instituições do Estado”, exigiu Maduro em discurso transmitido pela televisão estatal.
Reconhecido em 2019 como presidente interino da Venezuela por cinquenta países, Guaidó propôs uma negociação sob observação internacional para organizar eleições presidenciais e parlamentares em troca do “levantamento progressivo” das sanções contra o país.
Guaidó controla ativos venezuelanos nos Estados Unidos, incluindo a refinaria Citgo, subsidiária da estatal PDVSA, depois que Washington – seu principal aliado internacional – os cedeu ao opositor após reconhecê-lo como presidente interino, ao considerar que o segundo mandato de Maduro é ilegítimo por irregularidades eleitorais.
Diante da proposta da oposição, depois de meses negando qualquer possibilidade de retomada das negociações, Maduro respondeu que se dispõe a conversar “onde e como quiserem”, sem fazer referência à proposta de novas eleições presidenciais.
Além disso, o mandatário pediu que “a oposição extremista renuncie ao caminho do golpe, do intervencionismo e do apelo às invasões contra o país” e “reconheça” os “poderes legítimos” da Venezuela, hoje controlada inteiramente pelo chavismo.
“E isso é só o começo. Querem conversar? Eu quero conversar”, reiterou o líder chavista, que afirmou já estar “fazendo uma agenda”.
“Que venha a União Europeia, que venha o governo dos Estados Unidos, que venha o governo norueguês, que venha o Grupo de Contato, que venha quem quiser”, afirmou Maduro.
A Noruega mediou negociações fracassadas entre os delegados de Maduro e Guaidó em 2019, congeladas quando Washington intensificou suas sanções financeiras à Venezuela.
Após o fracasso dessas abordagens, o líder chavista – apoiado pelas Forças Armadas e aliados internacionais como Rússia e China – iniciou negociações com outros setores da oposição.