Mercado passa a ver alta de 0,25 p.p. da Selic em setembro e juros a 11,25% ao fim do ano, mostra Focus

SÃO PAULO (Reuters) – Analistas consultados pelo Banco Central passaram a projetar alta na taxa básica de juros neste mês, com a Selic encerrando o ano a 11,25%, de acordo com a mais recente pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira.
O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que os economistas agora preveem que o Comitê de Política Monetária (Copom) elevará a Selic, atualmente em 10,50% ao ano, em 0,25 ponto percentual em sua reunião de 17 e 18 de setembro.
O aperto total esperado até o final de 2024 agora é de 0,75 ponto, com aumento de 0,25 ponto em cada uma das três últimas reuniões deste ano, em uma forte mudança após 11 semanas consecutivas de expectativa de que a taxa básica de juros não seria alterada este ano.
A expectativa no Focus é de que o ciclo de aperto monetário termine com mais uma alta de 0,25 ponto na primeira reunião do ano que vem, com a Selic chegando a 11,50%. A partir daí, os analistas consultados veem nova série de reduções, e a taxa básica deve fechar o ano a 10,25%, o que ainda representa aumento ante a projeção de 10,00% na semana anterior.
A mudança na mediana do Focus para a taxa de juros vem na esteira de crescentes alterações nas previsões de instituições financeiras sobre a trajetória da Selic neste ano e no próximo, à medida que os membros do BC têm demonstrado desconforto com o fato de a inflação ter se distanciado do centro da meta de 3% em leituras recentes.
No mês passado, a XP Investimentos e o BTG Pactual passaram a prever o início de um ciclo de alta de juros a partir da próxima reunião do Copom. A XP elevou para 11,75% sua projeção para a Selic ao final deste ano, enquanto o BTG Pactual vê a taxa atingindo 12% no novo ciclo de aperto.
Autoridades do BC, em falas recentes, têm enfatizado que a possibilidade de elevar os juros está sobre a mesa da reunião do Copom deste mês, acrescentando que não hesitarão em subir a taxa para levar a inflação para o centro da meta.
A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda que os analistas elevaram sua expectativa para a alta do PIB brasileiro ao fim deste ano, agora em 2,68%, ante avanço de 2,46% há uma semana. No próximo ano, a projeção é de crescimento de 1,90%, de 1,85% anteriormente.
Essa alteração ocorre após o IBGE ter divulgado na semana passada números acima do esperado para o PIB no segundo trimestre do ano. Segundo o órgão, o país cresceu 1,4% entre abril e junho em relação ao trimestre anterior. A expectativa de analistas consultados pela Reuters era de avanço de 0,9% no período.
Houve ainda aumento ligeiro na projeção da alta do IPCA neste ano, de 4,26% há uma semana, para 4,30%. Em 2025, o índice é estimado em alta de 3,92%, mesmo nível da semana anterior.
No câmbio, o dólar deve fechar este ano em 5,35 reais, acima dos 5,33 reais previstos na semana anterior. Para 2025, houve manutenção da expectativa de 5,30 reais ao fim do ano.