Mulheres garantem ouros e maioria das medalhas do Brasil nos Jogos de Paris
Por Tatiana Ramil
SÃO PAULO (Reuters) – A campanha brasileira nos Jogos Olímpicos de Paris foi dominada pelas mulheres, responsáveis por 12 das 20 medalhas do país e as únicas do Brasil a subirem ao lugar mais alto do pódio, com as medalhas de ouro de Beatriz Souza no judô, Rebeca Andrade na ginástica artística e Ana Patrícia e Duda no vôlei de praia.
Pela primeira vez na história olímpica do país as mulheres foram maioria na delegação nacional, com 153 representantes do sexo femino entre os 277 atletas do Time Brasil, o equivalente a 55% total. A representação se traduziu também no quadro de medalhas, onde elas foram decisivas para a participação brasileira.
O Brasil fechou sua participação em Paris com três medalhas de ouro, sete de prata e dez de bronze, na segunda melhor participação do país em Jogos no total de medalhas, atrás apenas das 21 conquistadas em Tóquio há três anos. No total de ouros, que define a posição no quadro de medalhas, o país ficou aquém das sete conquistadas tanto no Japão quanto na Rio 2016.
Os Jogos de Paris coroaram Rebeca Andrade como a maior medalhista olímpica do país, agora com seis no total. Na capital francesa, a ginasta protagonizou alguns dos principais momentos da Olimpíada ao rivalizar com a lenda norte-americana Simone Biles. A brasileira levou a melhor no solo, ganhando o ouro, e também conquistou prata no indidivual geral e no salto (ficando apenas atrás de Biles) e bronze por equipes, em uma medalha inédita para o Brasil.
“Estou muito orgulhosa do pódio, orgulhosa das mulheres, orgulhosa de mim e de tudo o que a gente está construindo”, disse Rebeca após ganhar a medalha de ouro e ser reverenciada no pódio por Biles e pela também norte-americana Jordan Chiles.
O primeiro ouro do Brasil em Paris veio com Beatriz Souza na categoria pesado do judô. Aos 26 anos, a paulista de Itariri disse se inspirar nas mulheres de sua família.
“Fico muito feliz de ter alcançado tudo isso… Estou muito bem servida de inspiração. Não só dentro do tatame, com parceiros incríveis de seleção, mas dentro de casa, com minha mãe, avó e irmã. Eu sempre procurei ser inspiração da mesma forma que eu também fui muito inspirada por mulheres fortes, guerreiras, pretas”, afirmou.
Bia ainda ajudou a equipe a levar medalha de bronze. Em uma disputa emocionante contra a Itália, o triunfo foi obtido graças à luta de desempate vencida por Rafaela Silva, campeã olímpica da Rio 2016, que deixou escapar por pouco uma medalha individual em Paris, ao receber uma punição no “golden score”.
O judô garantiu outras duas medalhas em Paris: prata de Willian Lima e bronze de Larissa Pimenta. Com as quatro medalhas, o judô brasileiro passou a contar com 28 pódios olímpicos no total, sendo a modalidade que mais conquistou medalhas para o país em Jogos, à frente do atletismo, com 21, que teve em Paris a medalha de prata de Caio Bonfim na marcha atlética 20 km e o bronze de Alison dos Santos nos 400m com barreiras. Em terceiro lugar está a vela, com 19, após deixar Paris sem medalha.
Na lista individual, além de Rebeca, que assumiu a ponta com seis medalhas olímpicas, Isaquias Queiroz conquistou sua quinta medalha olímpica com a prata na prova C1 1000m da canoagem, se igualando aos iatistas Robert Scheidt e Torben Grael, que antes dos Jogos de Paris eram os atletas brasileiros com mais medalhas em Olimpíadas, com cinco cada.