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Nuances nas reações

A Schindler é outro grande investidor suíço no Brasil. Na foto, um trabalhador na linha de produção em Ebikon, Suíça. Keystone

Habituados a situações similares, empresários suíços são mais prudentes e conseguem distinguir intenções política e realizações concretas.

“São pessoas competentes que sabem do que falam”, afirma Peter Zbinden, vice-presidente executivo da Schindler, que fabrica elevadores e escadas-rolantes em Londrina para o mercado latino-americano e tem 4.500 funcionários no Brasil.

O vice-presidente executivo da Schindler, Peter Zbinden, teve uma “ótima impressão” dos contatos que manteve em Brasília, especialmente com os ministros da Fazenda, Antonio Palocci, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Luiz Fernando Furlan.

Competência e redução de tarifas

A Schindler foi a empresa que comprou a Atlas Villares, na qual o então metalúrgico Lula trabalhou. Zbinden explicou ao ministro Furlan que as tarifas de importação de peças e componentes estão atualmente muito altas, em torno de 20%.

O ideal, segundo ele, seria de 2 a 3%, como na China, onde a Schindler produz para o mercado asiático. Zbinden exlicou que isso só traria vantagens para o Brasil, com maior competitividade e mais exportação. Furlan pediu mais detalhes e disse que estudar a questão.

“Posso comparar e sei que o Brasil pode produzir melhor e mais barato que a China, se as tarifas baixarem”, declarou a swissinfo.

Decepção

Richard Friedls, presidente da ABB suíça, ficou muito decepcionado com a anulação do encontro inicialmente previsto com a ministra das Minas e Energia Dilma Rousseff. “Estava confirmado mas a ministra foi viajar”, afirmou Friedls. A ABB tem 4 mil funcionários no Brasil.

Thomas Staehelin, presidente da Câmara de Comércio de Basiléia veio pela primeira vez na delegação suíça ao Brasil e disse que ficou “muito bem impressionado com a abertura dos ministros em Brasília e dos empresários brasileiros na Fiesp”.

Sergio Dawidowicz, diretor para a América Latina da OVD Kinegram, empresa especializada em criar códigos para evitar falsificação de documentos e moedas, diz que para ele foi muito positivo ter integrado a delegação suíça. “Trabalhamos essencialmente com governos e geralmente as PME (pequenas e médias empresas) são vistas de maneira vertical, eles lá em cima e a gente aqui em baixo. O contato com ministros é mais raro e importante”.

Do lado mais diplomático, Jean-Jacques Maeder, chefe da Divisão Américas na Secretaria Federal de Economia (SECO), considera que o momento da visita foi “ideal embora difícil” para trazer uma mensagem de confiança no novo governo e exprimir a “vontade de melhorar o contexto institucional”.

Acordos pendentes

Refere-se aos acordos de bitributação (para evitar que as empresas pagam impostos duas vezes) e de proteção de investimentos. Ele afirma que existe “atraso” com o Brasil pois a Suiça já tem acordos desse tipo com México, Chile e Argentina.

Maeder acredita que um acordo de dupla imposição relanceria os investimentos suíços no Brasil e acha que a reforma fiscal em discussão poderá facilitar esse acordo. O de proteção de investimentos teria, segundo ele, um efeito psicológico de estabilidade, a longo prazo.

A última etapa, segundo Jean-Jacques Maeder, seria um acordo de livre comércio entre a AELE (Associação européia de livre comércio) da qual a Suíça é membro, e o Mercosul.

Os primeiros contatos foram mantidos mas a prioridade atual do Mercosul é concluir um acordo desse tipo com a União Européia, em fase relativamente avançada.

swissinfo, Claudinê Gonçalves, São Paulo

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