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Pandemia do novo coronavírus relança a quarta revolução industrial

Impressoras 3D da empresa espanhola BCN3D fabrica peças para máscaras de proteção, em 30 de março de 2020 na Catalunha. afp_tickers

Com a fabricação emergencial de equipamentos de proteção individual para os profissionais de saúde, a pandemia de coronavírus tem impulsionado a impressão 3D.

A crise, que afeta as redes de abastecimento, conseguiu em poucas semanas o que os entusiastas da quarta revolução industrial tentam fazer há 40 anos: acelerar a adoção da tecnologia 3D para além das universidades e pequenos empreendimentos.

Na Itália, país europeu mais afetado pela COVID-19, a jovem Isinnova, especialista em impressão 3D, trabalha para adaptar uma máscara de mergulho Decathlon para responder à falta de respiradores.

O movimento já teve um grande impacto: na França, a Volumic obteve a validação de 260 laboratórios (Cerballiance) para impressão de testes para triagem de doentes.

“A impressão 3D é adequada para situações de emergência”, disse à AFP Arthur Wheaton, professor especializado em fabricação e questões sociais na Universidade de Cornell em Nova York.

– “Flexível” –

“Diferentemente da produção industrial tradicional, que exige máquinas específicas, criadas em fábricas específicas, a impressora 3D é muito flexível”, disse Greg Mark, fundador e diretor-executivo da Markforged, fábrica americana de impressoras 3D.

“Simplesmente é necessário um arquivo de computador diferente. Se você deseja que a impressora passe da impressão das máscaras para a impressão de fones de ouvido, outro arquivo é inserido. Em uma fábrica tradicional, é preciso remover e instalar equipamentos adaptados “, explica.

Segundo Mark, sua companhia recebe muitos pedidos, um sinal do atual sucesso da impressão 3D.

Há quatro anos, em feiras de exposição e negócios, muitos visitavam seu estande com uma mistura de curiosidade e ceticismo. Segundo ele, o último ano representou um divisor de águas.

“A maioria dos visitantes já conhecida a impressão 3D. Eles sabiam como usá-la e já eram possíveis negociações mais detalhadas”, lembra.

É o caso do grupo industrial Würth Industry North America (WINA), que agora reúne impressoras 3D e funcionários em suas fábricas.

“Agora produzimos mais rapidamente e reduzimos o custo de armazenamento. Também podemos cortar despesas com insumos e transporte”, diz Dan Hill, diretor-executivo da empresa.

– Produção em massa –

A impressão 3D é um processo de fabricação que surgiu na década de 1980. Consiste em converter um modelo digital em um sólido objeto tridimensional.

Embora as técnicas utilizadas sejam diferentes, o princípio é sempre o mesmo: sobreposição de camadas de materiais. A diferença é a maneira como as várias camadas são depositadas e tratadas e o tipo de material utilizado.

O usuário precisa de uma impressora 3D, insumos (filamentos, pó …), um arquivo de informática, um computador e um programa para modelar o objeto.

Além da medicina, a aeronáutica, joalherias, o design e a indústria alimentícia passaram a utilizar a impressão 3D.

Embora as empresas otimizem o tempo de fabricação e se tornem menos dependentes de sua cadeia de suprimentos, a qualidade do acabamento permanece imperfeita e, devido ao estado atual da tecnologia, é difícil imaginar uma produção em massa ou de bens complexos e duráveis.

A impressão 3D não é portanto, “uma grande ameaça à produção industrial clássica, porque a qualidade e os custos não são tão bons quanto nos processos de fabricação tradicionais”, diz Art Wheaton.

Além disso, segundo ele, o custo das impressoras 3D poderia desencorajar muitas empresas, pelo menos no momento, a uma possível substituição de funcionários.

“As impressoras 3D não são uma ameaça imediata para os trabalhadores, mas melhorias em tecnologia e custos podem constituir uma ameaça no futuro”, alerta Wheaton.

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