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Partido Liberal Radical quer reconquistar seu espaço

Fulvio Pelli é presidente do Partido Liberal Radical desde 2005. Keystone

Fundador da Suíça moderna e durante muito tempo hegemônico no cenário político suíço, o Partido Liberal Radical perde eleitores há 30 anos. O partido pretende agora reconquistar seu espaço nas legislativas de outubro.

Entrevista com o presidente do partido, o deputado federal Fulvio Pelli.

O partido recebeu 15,7% dos votos há quatro anos. Após a fusão com o Partido Liberal em 2009, o presidente do PLR, Fulvio Pelli, fala das novas ambições do partido, que pretende alcançar 20% dos votos nas eleições federais de outubro.

swissinfo.ch: Quais são as prioridades do seu partido para o próximo mandato?

Fulvio Pelli: Estamos focados principalmente em três áreas de ação. Queremos primeiro que haja na Suíça cada vez mais postos de trabalho seguros e interessantes. É por isso que nos concentramos em uma integração adequada da Suíça no mercado internacional, em acordos de livre comércio e na formação profissional e universitária de qualidade.

A segunda prioridade é a consolidação do seguro social. Temos que garantir às novas gerações uma segurança social que seja eficaz também nos próximos 20, 30 ou 40 anos. Devido ao aumento da esperança de vida, precisamos realizar mudanças significativas para evitar um colapso da previdência e do sistema social, como em outros países europeus.

Finalmente, nossa terceira prioridade é a luta contra a burocracia, que dificulta a liberdade e o espírito de iniciativa. A burocracia não é necessária, é apenas o resultado de erros produzidos pela política, que complica geralmente demais as regras.

swissinfo.ch: Em que áreas o governo deve reduzir os gastos e onde ele pode investir mais?

FP: Ele certamente deve investir mais em áreas de formação e inovação. Um país como a Suíça precisa desenvolver esses setores. Um maior esforço também será inevitável a nível internacional, para permitir que a Suíça mantenha uma posição importante no mundo.

Podemos, no entanto, gastar menos no área do exílio, onde há procedimentos confusos que continuam levando muito tempo. Gastamos também muito e de maneira pouco eficiente com a produção agrícola. A agricultura precisa ser inserida ainda mais no mercado e ser menos protegida por regras que contribuem apenas a excluí-la do mercado.

swissinfo.ch: Qual caminho a Suíça deve seguir em suas futuras relações com a União Europeia?

FP: Nos manifestamos claramente a favor de continuar a abordagem bilateral, com acordos específicos com a União Europeia numa série de áreas onde há interesse comum para uma abertura. Nós não somos a favor da adesão à UE, porque é um projeto que enfrenta uma série de dificuldades e que não convence.

Queremos também ajudar alguns países da Europa a sair da crise atual, porque a UE não é apenas um parceiro importante, mas também um cliente importante. Pedimos, no entanto, uma colaboração entre parceiros com a UE e não uma dominação de uma grande estrutura de 27 países sobre a pequena Suíça. Nós não vamos tolerar as relações que não são iguais.

swissinfo.ch: Qual deveria ser a missão e o contingente das forças armadas da Suíça no futuro?

FP: Ainda existem perigos para a Europa. Basta pensar no terrorismo internacional ou nos movimentos de massa causados por guerras civis. A defesa militar da Europa – e da Suíça – é essencial.

Embora ele já não tenha mais as dimensões do passado, o exército deve manter para o futuro um núcleo militar que possa ser desenvolvido, se necessário. As tarefas adicionais, como assistência à população civil ou missões de paz, devem permanecer como um sistema de acompanhamento do núcleo militar do exército de milícia.

swissinfo.ch: Qual é a posição do seu partido em relação à imigração e à integração dos estrangeiros na Suíça?

FP: Temos participado no desenvolvimento de uma nova política de imigração que se baseia em dois pilares. O primeiro é a livre circulação de pessoas com os países da UE, o que permite uma mobilidade recíproca com grandes benefícios. O segundo pilar consiste, no entanto, em limitar a imigração de países terceiros, salvo em caso de necessidade de mão de obra qualificada. Apoiamos também uma política de integração eficaz, a fim de que os estrangeiros que imigraram se tornem como nós e sigam as nossas regras.

swissinfo.ch: Quais são as propostas do seu partido para melhorar a política da Confederação Suíça com relação à “Quinta Suíça” (suíços expatriados)?

FP: Eu acho que a medida mais importante que deve ser tomada, mas que é sempre adiada, é a introdução do voto eletrônico que permite aos suíços do estrangeiro participar na vida política. Hoje, a participação é muitas vezes dificultada pela burocracia dos cantões e da Confederação. Por exemplo, o material para votar às vezes não chega a tempo. Isto é inaceitável, mas vai ser resolvido com o voto eletrônico.

O Partido Liberal Radical (PLR) nasceu da fusão, em 2009, entre o Partido Radical Democrático (PRD) e o Partido Liberal Suíço (PLS). É, portanto, o mais recente dos partidos políticos suíços.

Mas sua história é muito mais antiga e está enraizada nos movimentos liberais e radicais que marcaram o nascimento do Estado federal moderno, em 1848. Enquanto o PLS ficou confinado em alguns cantões, o PRD foi, até 1943, o maior partido político do país.

Mas, nos últimos 30 anos, o PRD sofreu uma erosão constante, passando de 24% dos eleitores em 1979 para 15,7% em 2007. A fusão com o PLS permitiu ao novo PLR aumentar ligeiramente acima da barra dos 16%.

Posicionado à direita no espectro político, o PLR defende valores liberais tradicionais, tais como responsabilidade individual e a livre iniciativa. Atualmente, é representado por dois ministros, 35 deputados e 12 senadores.

Nasceu em 1951 em Lugano. Advogado e dono de cartório no Ticino (sul).

Vereador pela primeira vez em Lugano, de 1980 a 1990, e deputado estadual do Ticino de 1983 a 1994, foi eleitodeputado federal em 1995.

Presidiu o grupo parlamentar radical entre 2002 e 2005 antes de ser eleito presidente do partido nacional em 2005. Havia sido cotado para integrar o governo após a renúncia do ministro da Fazenda Hans-Rudolf Merz, mas finalmente disse que não queria ser candidato.

Adaptação: Fernando Hirschy

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