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“A Suíça em primeiro lugar”

"Se reeleito, quero lutar para que a Suíça continue independente". swissinfo.ch

Bernhard Hess é o único representante do partido de extrema-direita "Democratas Suíços" (SD) no Parlamento e também candidato à reeleição.

Sem poder ou influência na política, os “Democratas Suíços” lutam contra a imigração, a ONU, a União Européia e, sobretudo, para diminuir o número de estrangeiros que vivem na Suíça.

Apesar de ser um país do consenso político, a Suíça também tem seus extremistas. De acordo com a imprensa, um dos seus representantes seria o deputado federal Bernhard Hess.

O jovem político de 37 anos é originário de Langnau, um povoado de nove mil habitantes de vales bucólicos, fazendas e vacas, onde também é fabricado o famoso queijo “Emmental”. Como parlamentar do cantão de Berna, Hess vive já há alguns anos em Berna, capital do país.

O deputado é o único representante do partido “Democratas Suíços” (SD) a ter um assento no Parlamento. Apesar de exercer seu mandato desde 1999, o jornal “Der Bund” descreve Bernhard Hess com “um parlamentar que não pertence a nenhum bloco ou comissão, ou seja, que não tem nenhuma influência política”.

Hess não liga para as críticas e se define como um parlamentar esforçado, “que nunca faltou a nenhuma sessão na Câmara de Deputados”. Vale lembrar que a Suíça tem um Parlamento de milícia, ou seja, deputados e senadores não têm salário.

Na sua página pessoal na Internet ele se define como “social patriota” e “Robin Hood dos corretos”. Ele também não esconde que se inspira em grupos europeus de extrema direita como a Liga Norte, da Itália.

swissinfo conversou com o deputado federal, durante uma pausa nas sessões do Parlamento. Hess explica por que a Suíça está correndo risco de “se desnacionalizar” e o receio dos suíços em relação aos “imigrantes dos Balcãs e da África”.

swissinfo: Como você define politicamente os Democratas Suíços?

Bernhard Hess: nós, os “Democratas Suíços”, lutamos pela liberdade, a independência e por uma Suíça mais suíça. Ao mesmo tempo queremos proteger os desfavorecidos da sociedade. Nós não estamos na direita nem na esquerda: nós somos patriotas!

A maior parte dos jornais caracteriza os “Democratas Suíços” como partido de extrema-direita. Essa afirmação é correta?

Se essas pessoas entendem que ser de direita é lutar pela liberdade, independência e por uma Suíça mais suíça, como eu falei, e ao mesmo tempo contra a criminalidade, então aceito essa denominação!

Por que a principal proposta do partido é combater a imigração?

Nos últimos anos, a Suíça viveu uma imigração considerável de pessoas que vêm de fora do ambiente cultural europeu. Eles são originários da África do norte, América Latina e do Sul da Ásia. Essa alta percentagem de estrangeiros não pára de aumentar, enquanto que o número de europeus diminui. Nós queremos combater essa realidade através de um novo referendo popular, onde pretendemos limitar o número de estrangeiros não-europeus na Suíça. O segundo problema são os estrangeiros que chegam na Suíça como asilados políticos. Mais de 96% dessas pessoas são somente refugiados econômicos. Por isso os democratas suíços querem lutar contra o abuso da lei de asilo político.

As estatísticas mostram que a maior parte dos migrantes recentes vem dos países da própria União Européia. Porém vocês continuam a falar dos riscos do “estranhamento” para a população suíça.

Mas é verdade! James Schwarzenbach, fundador do nosso partido, tentou limitar o número de estrangeiros na população em 10%, através de um referendo popular em 1970. Porém a proposta foi derrotada por poucos votos. Agora, em 2003, já temos oficialmente mais de 20% de estrangeiros vivendo na Suíça. Isso é realmente um grande problema. Por exemplo, a integração dos filhos de imigrantes é um desafio hoje em dia. 20% de estrangeiros na Suíça é demais!

A grande maioria desses estrangeiros nasceu e cresceu na Suíça. A naturalização facilitada para a segunda e terceira geração de imigrantes não iria ajudá-los na integração?

A naturalização tem de ser o último ato da integração. Hoje em dia, quem quiser se naturalizar na Suíça pode fazê-lo sem problemas. A cada ano temos 36 mil naturalizações, o que corresponde ao número de habitantes da cidade de Winterthur. Porém os democratas suíços irão combater a todo custo um acréscimo no número de naturalizações.

Porém muitos acreditam que o número de estrangeiros na Suíça é mantido artificialmente devido a dificuldade que eles têm para se naturalizar.

A realidade é que muitos desses estrangeiros de origem européia não querem se naturalizar, pois eles já têm um passaporte europeu. A naturalização não deve ser apenas um ato burocrático, onde a pessoa aproveita de um país, mas sim ela deve se identificar em primeiro lugar com a idéia “Suíça”.

Na sua opinião, o que um estrangeiro tem de fazer para ter o direito ao passaporte suíço?

Por exemplo, em Berna, minha cidade de origem, eu fiquei chocado ao ver mulheres da América do Sul serem naturalizadas sem falar os idiomas nacionais como alemão, francês ou italiano. Para mim, essas pessoas deveriam pelo menos aprender a falar uma dessas línguas, antes de pedir a nacionalidade suíça.

Então vocês recusam absolutamente a sociedade “multikulti”, ou seja, multicultural?

Cada vez mais essa chamada “sociedade multikulti” prova que não funciona. Os problemas nas escolas são tão grandes, que hoje elas vivem uma realidade “babilônica”. A criminalidade tem aumentado consideravelmente, sobretudo por pessoas vindas de outras culturas estranhas à nossa. Por último, o Islamismo. Veja que as mulheres dessas sociedades machistas vivem em outras condições que as nossas.

Por que o SD é contrário a integração da Suíça na União Européia?

Para nós, a União Européia é um gigante centralizador, burocrático e não-democrático.

Mas o país não ficará muito isolado na Europa depois que a UE for expandida para os países do leste?

Nossos maiores parceiros comerciais são a Alemanha e a França. Esses são países que apreciam a Suíça já de longa data. Para mim não seria ruim o fato de existir na Europa uma ilha que mostra aos outros como é possível ser independente e, ao mesmo tempo, bem-sucedido.

swissinfo, Alexander Thoele

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