Fundação Solidariedade pode capotar

Lançada , há 5 anos, em plena crise, decorrente do envolvimento da Suíça com a Alemanha de Hitler, a Fundação Solidariedade - visando ajudar vítimas do nazismo - está ameaçada no Parlamento.
A direita nacionalista, liderada pela União Democrática do Centro (UDS/SVP) tem sido claramente contra o projeto, desde o início. Estima que a Fundação – que seria financiada com os juros da venda de 1.300 toneladas de ouro do Banco Nacional (banco central suíço) – deveria beneficiar os seguros de aposentadoria – AVS/AHV.
Iniciativa e contra-projeto
Nesse sentido lançou com êxito uma iniciativa popular (instrumento da democracia direta) o que obriga o Governo a organizar uma votação sobre o assunto.
O Parlamento formulou um contra-projeto, apoiado agora pelo Governo, propondo dividir eqüitativamente os 750 milhões de francos (€ 507 milhões, resultante da venda do ouro), entre a AVS/AHV, os cantões (estados) e a Fundação Solidariedade, por um período de 30 anos.
Os 250 milhões de francos (€ 169 milhões, destinados à Fundação, seriam destinados a ajudar, dentro e fora do País, pessoas em necessidade, combater a pobreza, enfermidades e a violência.
Novo contexto
Em cinco anos, o contexto político e social mudou. E o projeto pode ser arquivado. Como atualmente as finanças públicas – decorrência de ajudas bilionárias à Swissair e à Expo.02 (exposição nacional) – encontram-se em situação difícil, a direita mais moderada, encarnada pelo Partido Radical, bem como a esquerda, configurada pelo Partido Socialista, estimam que prioridade deva ser dada ao saneamento do déficit.
Depois de debatida no Parlamento – com votação final dia 22 – a matéria seria submetida à votação popular em 22 de setembro. O Partido Radical estaria disposto a empreender o necessário para fazer o projeto de Fundação capotar. O povo se pronunciaria unicamente sobre a iniciativa nacionalista.
Imagem ameaçada
Também o líder da bancada socialista, Franco Cavalli, estima que “a Fundação Solidariedade não tem chance alguma diante do povo”. A idéia de que seja melhor um fracasso no Parlamento que em referendo nacional pode condenar o projeto de Fundação. Até porque, caso não seja aprovado, a imagem da Suíça – retocada com a decisão de aderir à ONU – poderia ser novamente arranhada. E a direita nacionalista ficaria ainda mais fortalecida…
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