Imprensa comenta vitória de Blatter
As reações da imprensa suíça à reeleição de Sepp Blatter à presidência da FIFA variam bastante. Há os que falam de "vitória desonrosa".
A eleição do suíço para mais um mandato de 4 anos, em Seul, na quarta-feira, é assunto de primeira página nos jornais do País. Porque Sepp Blatter é suíço e em função do rebuliço resultante da crise interna que vem sacudindo a FIFA, principalmente desde fevereiro. E Blatter está no meio dessa tempestade. Sua “esmagadora” vitória deixa muitos comentaristas perplexos.
O Le Temps, de Genebra, que consagra quase três páginas sobre o assunto, tem um editorial assassino. Denuncia o “regime anacrônico de um soberano dos velhos tempos”, como se não tivesse contas a prestar a ninguém. Um regime que ignoraria a democracia e a transparência.
O Tribune de Genève escreve: “Depois de tantas derrotas honrosas para a Suíça, esta é uma vitória desonrosa”.
Mas vários jornais suíços, como o Le Matin, de Lausanne, realçam a habilidade de Blatter. E certamente aludindo a somas que circulam na FIFA escreve: “No jogo do milhão, os eleitores preferiram perpetuar um sistema que lhes garante tirar sorte grande todos os anos”.
Empolgado, o Tribune de Genève, mesmo criticando a vitória “desonrosa”, proclama Sepp Blatter o “Papa do futebol mundial”.
Os diários suíços geralmente não deixam de questionar o significado da reeleição do suíço para seus principais críticos, a começar pelo secretário geral da FIFA. Michel Zen-Ruffinen foi fundo em suas denúncias do”sistema Blatter”.
O popular Blick, de Zurique, estima que os dias do secretário geral estão contados. E cita “o triunfo” de Blatter e as declarações do reeleito presidente: “Sexta-feira vou tirar Zen-Ruffinen do cargo”.
(Isso só pode acontecer se Blatter reunir o Comitê Executivo, onde ele tem 15 das 24 votos. Só o Comitê tem jurisdição para destituí-lo).
O Tages Anzeiger, de Zurique, acha igualmente que depois de uma campanha que qualifica de intolerável, o secretário geral deve sair.
Por seu lado, o Neue Zürcher Zeitung (também de Zurique) espera que Blatter – desafiado por Zen-Ruffinen – se transforme em “verdadeiro presidente”.
O diário preconiza separação de poderes na direção da FIFA. Seria uma reforma que engrandeceria Sepp Blatter.
O Berner Zeitung (de Berna) quer passar logo a um outro capítulo dessa novela sem fim – que certamente deverá continuar depois da Copa – quando escreve: “Espaço agora para os verdadeiros artistas da bola”.
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