Presidência brasileira da COP30 publica primeiro rascunho de compromisso
A quatro dias do final da COP30, a presidência brasileira da cúpula publicou na manhã desta terça-feira (18) um primeiro rascunho de compromisso entre os países, ainda divididos sobre vários temas cruciais como ambição climática, finanças e comércio.
“Este texto reflete a confiança da presidência brasileira” em alcançar um acordo, reagiu à AFP Li Shuo, especialista da Asia Society que acompanha as negociações em Belém.
“Provavelmente é a primeira vez na história recente das COPs que um texto tão limpo é publicado tão cedo”, afirmou sobre o documento com o título “Mutirão Global”.
O objetivo do texto é demonstrar que, mesmo em um contexto geopolítico muito difícil, a cooperação internacional sobre o clima deve continuar avançando.
Ainda contém muitas alternativas, portanto deverá ser consideravelmente editado antes de chegar a um acordo entre as quase 200 nações presentes na conferência da ONU sobre o clima que termina na sexta-feira.
A presidência anunciou na segunda-feira que os negociadores trabalharão dia e noite para que um acordo sobre os temas mais espinhosos possa ser adotado em sessão plenária “até meados da semana”.
O documento de nove páginas começa reafirmando seu compromisso com o Acordo de Paris de 2015 e sua adesão ao “multilateralismo”.
Quanto à ambição climática, propõe que o relatório que sintetiza os compromissos dos países possa ser publicado anualmente, em vez de a cada cinco anos.
Vários tópicos mencionam a transição para deixar as energias fósseis, um ponto de confronto entre os países produtores e aqueles que desejam uma diretriz para abandoná-las.
Esses itens propõem diversas soluções, desde uma “mesa redonda” até… nada.
Por outro lado, sugere-se triplicar os financiamentos dos países ricos para os mais pobres se adaptarem às mudanças climáticas até 2030 ou 2035, uma demanda das nações do Sul.
O último ponto abordado é o das medidas comerciais “unilaterais”, como o europeu CBAM – sigla em inglês para Mecanismo de Ajuste de Carbono nas Fronteiras – criticado por países como a China.
Sobre este tema delicado, quatro opções são apresentadas, do estabelecimento de uma “plataforma” de reflexão à organização de uma cúpula sob os auspícios do secretário-geral da ONU.
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