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Rússia reivindica novos avanços em ofensiva na região ucraniana de Kharkiv

A Rússia reivindicou neste domingo (12) a conquista de outras quatro localidades na região de Kharkiv, nordeste da Ucrânia, de onde milhares de pessoas foram retiradas em meio a uma ofensiva terrestre lançada pelas tropas russas na sexta-feira.

O presidente ucraniano Volodimir Zelensky afirmou que estavam ocorrendo “ferozes combates” e o governador da região de Kharkiv, Oleg Sinegubov, disse que “todas as áreas da fronteira norte estão sob fogo inimigo quase 24 horas por dia”.

O Ministério da Defesa russo, que no sábado reivindicou a tomada de cinco povoados da região, anunciou neste domingo a conquista de outras quatro cidades muito próximas de sua fronteira: Gatiche, Krasnoye, Morokhovets e Oleynikovo.

Apesar dos avanços, o presidente russo, Vladimir Putin, emitiu um decreto à noite removendo o ministro da Defesa, Sergei Shoigu, de seu cargo, e o designando como secretário do Conselho de Segurança. 

Na Ucrânia, a procuradoria local informou que quatro civis morreram na região de Kharkiv devido à atual ofensiva russa.

O governador Sinegubov indicou que, nos últimos dias, cerca de 6.000 pessoas foram removidas da área de Vovchansk, uma cidade na fronteira onde Zelensky descreveu a situação como “extremamente complicada”.

Desde sexta-feira, as forças russas avançam nessa área, que já invadiram em 2022 e da qual foram posteriormente expulsas no mesmo ano.

– “Noite assustadora” –

A AFP viu pessoas removidas perto de Vovchansk no domingo, a maioria idosos e desorientados.

“Não estávamos prontos para partir. Nossa casa é nossa casa”, declarou Liuda Zelenskaia, de 72 anos, com seu gato nos braços. Assim como ela, Liuba Konovalova, de 70 anos, recorda a “noite assustadora” antes de deixar sua cidade.

Perto de Vovchansk, voluntários atendiam evacuados que esperavam para se registrar e receber refeições antes de partir para a cidade de Kharkiv.

“A cidade está constantemente sob ataque”, afirmou Oleksii Jarkivski, um policial mobilizado para essas remoções. As autoridades estimam que ainda restam 500 civis na cidade.

Volodimir Timoshko, chefe da polícia da região de Kharkiv, declarou por sua vez que Vovchansk estava sendo atacada por três frentes e que as tropas russas estavam em sua periferia.

“Apesar dos combates ativos, a polícia continua evacuando as pessoas que atualmente vivem a 300 ou 500 metros da linha de contato”, disse à AFP.

– Situação pior –

Por sua vez, a cidade de Kharkiv “está calma, não vemos pessoas saindo”, indicou seu prefeito, Igor Terejov, citado pelo conselho municipal.

“As tentativas de romper nossas defesas foram detidas”, garantiu o comandante em chefe das forças ucranianas, Oleksandr Syrsky, que admitiu, porém, que a situação havia “deteriorado significativamente”.

As forças ucranianas “estão fazendo todo o possível para manter suas linhas de defesa e infligir danos ao inimigo”, declarou.

Zelensky indicou no sábado à noite que as tropas de seu país haviam lançado contra-ataques em povoados da área.

“Alterar os planos de ofensiva russos é agora nossa principal tarefa”, disse, estimulando os países aliados a acelerar o envio de armas.

As autoridades de Kiev vinham alertando há semanas que Moscou poderia tentar atacar as regiões fronteiriças do nordeste, enquanto a Ucrânia ainda aguarda a chegada de ajuda ocidental e sofre com a escassez de soldados.

Os Estados Unidos anunciaram um novo pacote de ajuda militar de 400 milhões de dólares (cerca de 2 bilhões de reais) para Kiev horas depois do início da nova operação russa.

As forças ucranianas estão intensificando seus ataques na Rússia e nas áreas da Ucrânia ocupadas por Moscou, sobretudo contra infraestruturas energéticas. 

Oito pessoas morreram neste domingo no desabamento parcial de um prédio em Belgorod, perto da fronteira, após um ataque ucraniano, segundo o Ministério russo de Situações de Emergência. Cerca de 20 pessoas ficaram feridas.

Espera-se que a remodelação da cúpula militar russa seja aprovada na terça-feira pelo Parlamento russo. 

Como substituto de Shoigu à frente do Ministério da Defesa, Putin propôs Andrei Belousov, que não tem experiência militar e foi um dos conselheiros econômicos mais influentes do presidente durante a última década.

bur/tw/pc-meb/zm/bc/eg/ms/ic

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