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Repouso eterno se aproxima para robô Philae

(ESA) O robô Philae no 67P/Churyumov-Geramisenko afp_tickers

A aventura do robô Philae, instalado no cometa Tchouri mas calado há meses, chega ao fim: os engenheiros europeus ainda vão tentar enviar alguns comandos, mas no final de janeiro as condições externas se tornarão muito hostis para sua sobrevivência.

No último domingo, uma manobra de última hora foi realizada para tentar mover Philae. Ela tinha como objetivo especialmente melhorar a recepção de luz solar dos painéis de energia do pequeno robô-laboratório, que vive no núcleo do cometa desde novembro de 2014, mas não se comunica com a Terra desde 9 de julho.

“Esta tentativa infelizmente não ajudou a gente a entrar em contato com Philae. Não recebemos sinal”, declarou nesta terça-feira à AFP Stephan Ulamec, responsável pelo pousador na agência espacial alemã DLR, com sede em Colônia.

Num breve vídeo, postado na tarde desta terça na internet, a agência DLR diz que a câmera Osiris, que está na sonda europeia Rosetta, fez imagens do momento.

“Estas imagens estão em curso de análise. Procuramos ver se não havia uma nuvem de poeira que poderia ter causado uma mudança de posição de Philae”, barrando a chegada da luz, explica.

Pouco a pouco, a esperança de estabelecer um contato com Philae se ameniza.

“Nós ainda iremos enviar alguns comandos a Philae nos próximos dias. Depois nós passaremos para o modo de escuta”, apenas para verificar que ele não envia mais sinais, informou Ulamec.

“Depois, é preciso ser realista. As condições irão de mal a pior” sobre o cometa: a luz vai diminuir, as temperaturas vão cair à medida em que Tchuri, escoltado por Rosetta, vai continuar se afastando do Sol.

“Será preciso aceitar que nós não ouvimos mais Philae”, ressalta M. Ulamec. “As chances de receber um sinal são muito baixas”.

“Se no final de janeiro nenhuma comunicação tiver sido estabelecida, realmente não vai ter jeito”, estima Philippe Gaudon, chefe do projeto Rosetta no Cnes, a agência espacial francesa, em Toulouse (França).

– ‘Cérebro’ prejudicado? –

No final de janeiro, o cometa estará a 300 milhões de quilômetros do Sol. Para poder funcionar, Philae não deve ficar abaixo de uma temperatura interior a 51 graus negativos (-51).

Em seguida, o robô mergulhará em hibernação, sem esperanças de acordar.

Mas ele terá adquirido o status de herói interplanetário. Após mais de dez anos de viagem interplanetária a 450 milhões de quilômetros da Terra a bordo de Rosetta, o robô pousou em 12 de novembro de 2014 no 67P/Tchourioumov-Guérassimenko, um marco histórico que foi acompanhado em todo o mundo.

Em sua queda, Philae saltou várias vezes e, finalmente, estabilizou entre duas falésias. Com seus dez instrumentos, o robô trabalhou por 60 horas e depois morreu porque os painéis solares que dão vida a ele não está recebendo energia suficiente.

No último 13 de junho despertou de surpresa e manteve vários contatos com a Terra. Mas desde 9 de julho não mostrou qualquer sinal de vida e teme-se que ele esteja danificado. “Suas antenas parecem mais orientadas para o Sol do que para o espaço”, aponta Gaudon.

Nos últimos meses, as equipes tentaram de tudo para entrar em contato com o robô que parece estar danificado.

“A eletrônica geral – o cérebro – com certeza foi danificado por um excesso de calor quando o cometa estava mais próximo do Sol”, considera Gaudon. Sem contar que a estrutura já havia enfrentado um frio considerável no inverno.

A eletrônica das antenas também está com problemas, ao que parece. Além do mais, poeiras enviadas neste verão durante a passagem do cometa perto do Sol talvez tenham se acumulado nos painéis solares, impedindo que eles funcionem, notou Gaudon.

A aventura de Rosetta vai continuar até setembro, data em que ela deve pousar o mais suavemente possível sobre Tchuri, onde irá terminar seus dias ao lado de Philae.

O objetivo da missão Rosetta, liderada pela Agência Espacial Europeia, é compreender melhor os cometas, testemunhos há 4,6 bilhões de anos do nascimento do sistema solar. Os pesquisadores esperavam descobrir também indícios de como surgiu a vida na Terra.

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