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Coreias travam confronto naval; EUA criticam agressão

Por Jon Herskovitz e Kim Yeon-hee
SEUL (Reuters) – As Marinhas das duas Coreias trocaram tiros pela primeira vez em sete anos na terça-feira, danificando embarcações dos dois lados e aumentando as tensões às vésperas de uma viagem do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, à Ásia.
A Coreia do Norte usa frequentemente ações militares para forçar a entrada do país na agenda dos grandes eventos diplomáticos, e tem buscado negociações diretas com o governo Obama, ao mesmo tempo em que alarmou as potências mundiais na semana passada ao anunciar ter produzido mais plutônio para ser usado em armas atômicas.
Os Estados Unidos devem decidir nos próximos dias se começarão negociações diretas com a Coreia do Norte, o que pode significar a retomada das conversas com potências regionais sobre o desarmamento nuclear do país comunista, afirmou uma autoridade norte-americana.
A Coreia do Sul denunciou o que chamou de incursão de um navio de patrulha norte-coreano em suas águas no Mar Amarelo, que provocou uma breve troca de tiros perto de onde, na década passada, as duas Coreias travaram dois conflitos que deixaram mortos.
“Nós vimos as notícias. Obviamente, não consideramos produtiva nenhuma tensão dessa natureza”, disse o porta-voz do Pentágono, Bryan Whitman, acrescentando que não havia envolvimento norte-americano.
A Casa Branca disse esperar que não ocorram novas ações marítimas norte-coreanas, pois elas seriam vistas como uma escalada militar.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, está monitorando cuidadosamente a situação e instou os dois países a resolverem qualquer disputa que tenham através do diálogo.
Não houve vítimas no incidente, que deixou uma embarcação sul-coreana com 12 marcas de disparos e aparentemente um navio de patrulha norte-coreano bastante danificado, informaram oficiais militares.
“A Coreia do Norte está adotando essa posição agressiva para mostrar que não está descuidando de sua segurança”, afirmou o professor de estudos norte-coreanos Yang Moo-jin, da Universidade da Coreia do Sul.
Analistas percebem as investidas militares norte-coreanas como uma maneira de alavancar sua posição nas negociações. O país acusa a Coreia do Sul de iniciar o último incidente.
“As autoridades militares sul-coreanas deveriam fazer um pedido de desculpas ao Norte pela provocação armada”, disse um oficial militar norte-coreano, segundo a agência de notícias
KCNA.
FRONTEIRA MARÍTIMA DISPUTADA
O estado-maior das Forças Armadas da Coreia do Sul disse que um barco de patrulha norte-coreano entrou cerca de 1,3 quilômetro em águas reivindicadas pelo Sul. A Coreia do Sul fez advertências verbais e disparou tiros de advertência. A Coreia do Norte respondeu abrindo fogo contra a embarcação sul-coreana.
“Nós revidamos os tiros”, afirmou a Coreia do Sul, acrescentando que, depois disso, a embarcação norte-coreana se retirou.
No ano passado, a Coreia do Norte ameaçou atacar navios da Coreia do Sul caso eles se aproximassem da Linha Limite do Norte, uma fronteira no Mar Amarelo estabelecida de forma unilateral por forças da Organização das Nações Unidas (ONU) lideradas pelos EUA ao final da Guerra da Coreia, entre 1950 e 1953, considerada inválida pela Coreia do Norte.
As duas Coreias ainda estão tecnicamente em guerra porque o conflito terminou com um cessar-fogo e não com um tratado de paz.
(Reportagem adicional de Rhee So-eui)

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