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Irã tem de reduzir capacidade nuclear para fechar acordo, diz EUA

Secretário de Estado dos EUA, John Kerry, durante coletiva de imprensa em Viena. 15/06/2014. REUTERS/Heinz-Peter Bader reuters_tickers

Por Louis Charbonneau e Lesley Wroughton

VIENA (Reuters) – O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, disse nesta terça-feira que o Irã deveria reduzir sua capacidade de produzir combustível nuclear para assegurar um acordo de longo prazo com seis potências mundiais, que encerraria as sanções que têm prejudicado a economia iraniana.

“Deixamos claro que as 19 mil (centrífugas) que atualmente compõem parte do programa dele são demais”, disse Kerry a repórteres após três dias de conversas com o ministro das Relações Exteriores iraniano, Mohammad Javad Zarif.

Em entrevista ao jornal The New York Times, Zarif sustentou a ideia de Teerã manter seu programa de enriquecimento de urânio nos níveis atuais por alguns anos, antes de expandi-lo.

Kerry respondia a uma questão sobre um discurso do líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, o qual diplomatas disseram que limitou a habilidade da delegação iraniana de fazer concessões às seis potências e pode tornar difícil para Teerã alcançar um acordo, segundo diplomatas próximos às conversas.

A proposta de Zarif é consistente com o discurso de Khamenei, feito na semana passada, sobre as demandas de longo prazo do Irã e é uma ideia que a delegação iraniana levantou em semanas recentes com os Estados Unidos, Grã,-Bretanha, Alemanha, Rússia e China, segundo diplomatas.

Sem entrar em detalhes, Kerry deixou claro que as propostas do Irã até agora têm sido insuficientes, mas acrescentou que houve “progresso”.

“É claro que ainda temos mais trabalho a fazer e nossa equipe continuará a trabalhar duramente para tentar alcançar um acordo abrangente que resolva a preocupação da comunidade internacional”, disse ele.

Com a aproximação do prazo final de 20 de julho para o fim das conversas, o Irã e as seis potências estão tentando superar as maiores diferenças na negociação de posições sobre um acordo que buscaria encerrar uma disputa que já dura dez anos sobre um programa nuclear que o Irã alega ser para fins pacíficos.

O Ocidente teme que as atividades nucleares iranianas tenham como objetivo o desenvolvimento da capacidade de fabricar armas nucleares.

“Estou voltando hoje a Washington para me consultar com o presidente (Barack) Obama e líderes do Congresso sobre os próximos dias, a respeito de nossas possibilidades de um acordo abrangente, assim como uma saída caso não alcancemos o prazo de 20 de julho, incluindo se é necessário ou não conceder mais tempo”, disse ele.

Uma opção seria estender as conversas em até seis meses, o que é teoricamente possível com base no acordo provisório entre o Irã e as seis potências assinado em novembro e que passou a ser implementado em janeiro. O acordo deu ao Irã um alívio limitado nas sanções em troca de paralisar parte de sua atividade nuclear.

(Por Louis Charbonneau, Lesley Wroughton, Fredrik Dahl e Parisa Hafezi)

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