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Projéteis chegam perto do centro de Donetsk, na Ucrânia, pela primeira vez

Mulher passa por prédio danificado por disparos de artilharia em Donetsk. 14/08/2014 REUTERS/Sergei Karpukhin reuters_tickers

Por Thomas Grove

DONETSK, Ucrânia (Reuters) – Disparos de artilharia caíram pela primeira vez perto do centro de Donetsk, bastião separatista no leste da Ucrânia, nesta quinta-feira, matando pelo menos uma pessoa.

Com forças do governo ucraniano apertando o cerco contra separatistas pró-Rússia, as salvas de artilharia abalaram Donetsk, fazendo com que moradores assustados buscassem abrigo, de acordo com testemunhas.

Não estava imediatamente claro se os disparos foram feitos pelo governo ou por forças rebeldes. 

Dois projéteis caíram a 200 metros do Park Inn Radisson, um dos maiores hotéis da cidade, estilhaçando suas janelas. As explosões abriram um buraco no terceiro andar de um edifício de apartamentos e deixou uma ampla cratera no pavimento. 

Perto do local, havia um corpo coberto por um lençol em cima do chão manchado de sangue.

Enquanto isso, um comboio russo carregando 2 mil toneladas de água, comida de bebê e outros suprimentos humanitários se dirigia pelo sul da Rússia em direção à fronteira com a Ucrânia. Kiev disse repetidas vezes que o comboio não poderá entrar no país até que autoridades ucranianas liberassem a carga. 

O comboio de 280 caminhões deixou a região de Moscou na terça-feira, buscando levar ajuda à região de Luhansk, no leste da Ucrânia, onde a principal cidade é mantida pelos separatistas. 

O governo de Kiev, apoiado pelo Ocidente, diz que a crise humanitária é parcialmente culpa de Moscou e denunciou o despacho dos suprimentos como um ato de cinismo. O governo também teme que a operação possa ser uma intervenção militar secreta de Moscou, a fim de ajudar os rebeldes, que parecem estar perto de uma derrota. 

Moscou, que nega as acusações de ter armado rebeldes com tanques, mísseis e outros equipamentos militares pesados, caracterizou como “absurdas” as sugestões de que poderia utilizar o comboio como um disfarce para uma invasão.

Em Genebra, a porta-voz do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que será responsável pela distribuição da ajuda na Ucrânia, disse: “A questão dos procedimentos de cruzamento de fronteira e liberação alfandegária (para o comboio) ainda tem que ser esclarecida pelos dois lados”.

Um assessor presidencial ucraniano disse que a carga da Rússia pode ser levada para o país apenas sob a responsabilidade da Cruz Vermelha e após as formalidades de cruzamento de fronteira.

“A Ucrânia não vai permitir em seu território qualquer escolta de acompanhamento da carga e qualquer repetição de tentativas de enviar os chamados pacificadores”, disse o assessor, Valery Chaly.

(Reportagem adicional de Maxim Shemetov e Dmitry Madorsky, no sul da Rússia)

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