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Turcos escolhem presidente enquanto Erdogan vislumbra “nova Turquia”

Por Daren Butler e Ayla Jean Yackley

ISTAMBUL (Reuters) – Os turcos participaram da primeira eleição presidencial do país neste domingo, com Tayyip Erdogan como o favorito para realizar seu sonho de uma “nova Turquia”, e no que seus adversários dizem que poderá ser uma nação cada vez mais autoritária.

A vitória de Erdogan selaria seu lugar na história depois de mais de uma década como primeiro-ministro, na qual a Turquia surgiu como uma potência econômica regional, apoiando-se em uma onda de suporte religioso conservador para transformar a república secular fundada por Mustafa Kemal Ataturk em 1923. 

Mas os críticos alertam que um presidente Erdogan, que tem suas raízes políticas no Islã e na intolerância a dissidentes, afastaria o país membro da Otan e candidato à União Europeia dos ideais seculares de Ataturk. 

Em uma casa de chás no distrito de Tophane, em Istambul, homens que acompanhavam a cobertura das eleições na televisão elogiaram Erdogan como um homem religioso, do povo, que havia levantado o status da Turquia economicamente e no cenário internacional. 

“Erdogan está ao lado do mais fraco. Ele é um defensor contra a injustiça. Enquanto o mundo árabe estava em silêncio, ele falou contra a ofensiva de Israel em Gaza”, disse Murat, um joalheiro de 42 anos que se negou a dizer seu sobrenome.

“Este país foi arruinado pelos políticos antigos. Eles mentiram para nós. Eles causaram crises econômicas, a violência do PKK”, afirmou. Erdogan iniciou um processo de paz com os militantes do PKK, movimento curdo, para dar fim a um conflito que matou 40 mil pessoas em 30 anos.

As urnas foram abertas às 8 da manhã no horário local (2h, horário de Brasília), e 53 milhões de turcos podem votar. O comparecimento às urnas, que passou de 89 por cento nas eleições locais em março, parecia ser baixo, disse o observador da Assembleia Parlamentar da OSCE George Tsereteli a jornalistas. 

Pesquisas de opinião colocam Erdogan, de 60 anos, bem à frente de seus dois adversários que competem pelo mandato presidencial de cinco anos. No passado, o parlamento escolhia o chefe de Estado, mas isso mudou depois de uma lei aprovada pelo governo de Erdogan. 

Ele almeja servir por dois mandatos presidenciais, ficando no poder até depois de 2023, o centésimo aniversário da república secular. Para um líder que se refere frequentemente à história otomana em seus discursos, a data tem um significado especial. 

Um público extasiado vibrava e cantava “A Turquia se orgulha de você” e “Presidente Erdogan” quando ele saiu da escola na qual votou, acompanhado de sua mulher e filhos na parte asiática de Istambul. Ele acenou e cumprimentou alguns dos presentes.

“A decisão (dos eleitores) será crucial pois o presidente e o governo eleitos irão levar a Turquia de forma decisiva a 2023”, disse ele a jornalistas.

(Reportagem adicional de Seda Sezer e Humeyra Pamuk em Ancara)

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