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O chocolate sem cacau chega à Suíça

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Uma empresa suíça está planejando vender coelhinhos de Páscoa sem cacau no próximo ano. Keystone / Christian Beutler

Várias startups estão desenvolvendo alternativas ao cacau, utilizando substitutos como cevada, feijão-fava e sementes de girassol. A fabricante suíça Stella Bernrain já lançou no mercado uma barra de chocolate sem cacau. É provável que esse tipo de produto se torne cada vez mais comum.

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Pode ser difícil de imaginar, mas várias empresas estão trabalhando para encontrar substitutos para o cacau na fabricação de chocolate. Esses produtos, que imitam o sabor e a textura do chocolate, respondem a dois grandes desafios: o aumento dos preços do cacau e as preocupações ambientais relacionadas ao seu cultivo.

Cevada fermentada

Em Londres, a startup Win-Win, financiada pelo grupo genebrino Edmond de Rothschild, testou mais de 1.100 fórmulas antes de encontrar o substituto ideal para o cacau: a cevada fermentada. “É justamente graças à fermentação da cevada que conseguimos esse sabor”, que é muito semelhante ao do cacau, explicou Ahrum Pak, diretora administrativa da Win-Win, no programa A Bon Entendeur, da RTS.

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“Infelizmente, 80 a 90% da floresta tropical da África Ocidental desapareceu, principalmente por causa do desmatamento ligado ao cultivo do cacau”, continua ela. “Queremos continuar apreciando o chocolate, mas não podemos mais prejudicar o meio ambiente como fazemos atualmente”. A startup já está vendendo seu chocolate artificial para empresas alimentícias como a Dr. Oetker, que o utilizam para produzir biscoitos, sorvetes e bolos.

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Feijões-fava

A Nukoko, outra empresa sediada em Londres, está focada em utilizar feijões-fava para substituir o cacau. “Há uma enorme variedade de feijões e alguns têm maior teor de polifenóis, o que é muito útil para a fabricação de chocolate”, explica Kit Tomlinson, fundador da Nukoko. A empresa assinou um acordo de parceria com a Coop e sua marca de chocolate Halba para desenvolver esse tipo de doce para o mercado suíço. O produto ainda está em fase de testes, mas a empresa planeja produzi-lo e vendê-lo ainda neste ano.

“Não usamos cacau, portanto não podemos chamar nosso produto de chocolate”, diz Kit Tomlinson. “Não é um grande problema. Poderíamos usar o termo ‘chocolaté’ ou ‘choco’, como a indústria do chocolate já fez várias vezes com produtos que têm um teor muito baixo de cacau”.

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Sementes de girassol fermentadas

Em Kreuzlingen, no cantão da Turgóvia, a empresa suíça Stella Bernrain optou por substituir o cacau por sementes de girassol fermentadas. “Poderíamos muito bem fazer um coelhinho da Páscoa com esse chocolate falso”, diz com entusiasmo Robin Auer, gerente de marketing da Stella Bernrain. “Esse é o nosso objetivo. Queremos lançá-lo no mercado no próximo ano ou no ano seguinte”.

A marca lançou a Choviva, sua primeira barra sem cacau, em novembro passado. “As pessoas que a provam sem saber que não é chocolate de verdade gostam bastante e nem percebem que não tem cacau”, diz Robin Auer.

Além das preocupações ambientais, o aumento nos preços do cacau também está incentivando os fabricantes a considerarem esse tipo de alternativa. “O preço histórico do cacau flutuou em torno de US$ 2.500 por tonelada até 2022-2023”, explica Raphaël Felenbok, consultor da indústria do chocolate. “Desde então, o preço realmente disparou com uma volatilidade muito alta. Atualmente, está em torno de US$ 10.000 por tonelada, ou seja, quatro vezes maior do que era antes”.

Adaptação: Clarice Dominguez

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