Suriname vota para definir governo que administrará recursos do petróleo

O Suriname comparece às urnas neste domingo (25) para definir a composição do Parlamento que terá a responsabilidade de eleger um governo para administrar os recursos do petróleo do país, o menor da América do Sul e o único de língua holandesa.
Os 51 deputados da futura Assembleia que definirão o presidente e o vice-presidente. Os favoritos para vencer as eleições são o partido do atual presidente, Chan Santokhi, e o partido do ex-presidente Desi Bouterse, que faleceu no fim do ano passado.
Com histórico de rebeliões e golpes de Estado desde a sua independência em 1975, a ex-colônia holandesa possui importantes reservas de petróleo, que proporcionarão uma grande injeção de dinheiro a partir de 2028, quando está previsto o início da produção no país, que enfrenta uma dívida externa elevada, inflação galopante e uma taxa de pobreza de 20%.
“Espero realmente que possam fazer algo com todo esse petróleo”, comentou Omar Tariq Kohinor, um entregador de 30 anos, após votar.
Santokhi, líder do partido VHP, votou na companhia da primeira-dama na região da capital Paramaribo e pediu aos compatriotas que concedam “o mandato para terminar o trabalho” de seu governo. “Muito já foi feito, mas o trabalho ainda não terminou”, enfatizou.
O outro forte favorito é o NDP, o partido que foi liderado por Bouterse, que governou o país com mão de ferro depois de um golpe em 1980 até 1987 e que conquistou a presidência em eleições democráticas entre 2010 e 2020.
Condenado nos Países Baixos por tráfico de cocaína e no Suriname pelo assassinato de opositores em 1982, Bouterse morreu em dezembro na clandestinidade. Mas isso não o impediu de continuar sendo uma figura popular, em particular entre a classe trabalhadora.
– China –
As pesquisas dão ao VHP uma pequena vantagem sobre o NDP. Os líderes dos dois partidos insistem em que não formarão um governo de coalizão.
O Suriname, com população descendente de Índia, Indonésia, China, Países Baixos, além de grupos indígenas e africanos, celebrará em novembro o 50º aniversário de sua independência da monarquia holandesa.
Desde então, o país buscou a China como aliado político e comercial. O Suriname foi uma das primeiras nações da América Latina, em 2019, a aderir à iniciativa “Um Cinturão, Uma Rota” de Pequim.
O secretário de Estado americano, Marco Rubio, fez uma escala no Suriname em março, durante uma viagem pela América Latina, com o objetivo de contrapor a crescente influência da China na região.
– ‘A economia crescerá’ –
A ministra da Defesa Krishna Mathoera, que também está concorrendo à presidência, disse à AFP que é “importante” para o partido governista vencer porque as bases da estabilidade foram estabelecidas durante seu mandato. “A economia crescerá” graças ao petróleo, disse ela.
No ano passado, o grupo francês TotalEnergies anunciou um projeto de US$ 10,5 bilhões (56 bilhões de reais em valores de 2024) para explorar um campo na costa do Suriname com capacidade estimada de 220.000 barris por dia de produção, muito mais do que os 5.000 barris que produz atualmente.
O anúncio aumentou as esperanças no país, que carece de infraestrutura, de superar a crise. Mas vários analistas tentam diminuir a euforia.
“Espero que isso mude o nosso país, para que possamos viver melhor, ter melhores estradas, mais segurança e melhor educação para nossos filhos”, disse à AFP Rayshire, um bancário de 26 anos.
As seções eleitorais fecham às 19h.
Quando os resultados forem oficializados pela autoridade eleitoral, dentro de três semanas, a nova Assembleia Nacional do Suriname terá um mês para se reunir e definir o presidente e o vice-presidente por maioria de dois terços.
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