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Trump ataca Harvard, que se defende nos tribunais

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, criticou novamente nesta quinta-feira (24) Harvard, que chamou de “instituição antissemita de extrema esquerda”, em um momento em que a prestigiosa universidade luta nos tribunais contra o congelamento de fundos decretado por seu governo.

Desde seu retorno à Casa Branca, Trump aplica uma campanha de pressão sem precedentes contra as universidades sob o pretexto de que permitem o antissemitismo, o racismo contra brancos com suas políticas de diversidade e a promoção da “ideologia de gênero” ao proteger alunos trans.

O governo republicano ameaçou várias das universidades mais prestigiosas do país com o congelamento de fundos e outras punições, o que provoca preocupação pela liberdade acadêmica.

Também tomou medidas para revogar vistos e deportar estudantes estrangeiros envolvidos nos protestos para pedir o fim da guerra de Israel em Gaza.

“Harvard é uma ameaça à democracia” e “um desastre liberal”, disse Trump, que reclamou que a universidade tenha admitido estudantes “de todo o mundo que querem destruir” os Estados Unidos.

Após se recusar a cumprir as novas diretrizes governamentais, Harvard, que teve pelo menos 2,2 bilhões de dólares (12,5 bilhões de reais, na cotação atual) em financiamento federal congelados, apresentou na segunda-feira uma ação judicial contra o governo Trump.

Harvard pede que sejam declarados ilegais o congelamento dos fundos e as condições impostas aos subsídios federais. Argumenta que as medidas equivalem a uma interferência política destinada a comprometer a independência da instituição que integra a famosa Ivy League, conjunto das oito melhores universidades do país.

– “Minar as normas” –

Vários senadores judeus acusaram o presidente nesta quinta-feira de usar o antissemitismo como arma para “minar as normas e os direitos democráticos”.

Na véspera, Trump emitiu uma ordem executiva que muda a forma como as autoridades federais decidem quais universidades e faculdades podem acessar bilhões de dólares em bolsas e empréstimos estudantis.

O decreto inclui medidas drásticas contra o que Trump chama de “discriminação ilegal”, ou seja, qualquer ação que promova a representação de “indivíduos de minorias raciais e étnicas”.

Nesta quinta, um juiz do estado de New Hampshire determinou que o republicano não pode cortar fundos para as escolas públicas que implementam políticas de igualdade e diversidade, que têm sido um alvo particular do presidente.

A decisão não se aplica de forma generalizada, mas ao maior sindicato de professores dos Estados Unidos, a Associação Nacional de Educação (NEA), e ao Centro para o Desenvolvimento de Educadores Negros (CBED), organização sem fins lucrativos que promove a contratação de professores negros. Ou seja, às escolas que empregam membros da NEA ou contratam o CBED.

– “Muitas investigações” –

Trump e sua equipe justificam sua campanha contra as universidades como uma resposta ao que consideram “antissemitismo” descontrolado e à necessidade de reverter os programas de diversidade destinados a abordar a exclusão histórica das minorias.

O governo afirma que os protestos contra a guerra de Israel na Faixa de Gaza que percorreram as universidades dos Estados Unidos no ano passado foram repletos de antissemitismo.

Muitas dessas instituições, incluindo Harvard, reprimiram os protestos na ocasião, e a universidade sediada em Cambridge sancionou 23 estudantes e negou títulos a outros 12, segundo os organizadores das manifestações.

O presidente de Harvard, Alan Garber, disse que a administração de Trump iniciou “muitas investigações” dirigidas à universidade.

A luta de Trump contra a diversidade ecoa as queixas de longa data dos conservadores que alegam que os campi universitários americanos estão inclinados demais à esquerda e deixam de fora as vozes da direita.

A Casa Branca já conseguiu “dobrar” a Universidade de Columbia, em Nova York, que sofreu um corte de 400 milhões de dólares (2,3 bilhões de reais).

A instituição anunciou um pacote de concessões ao governo, como a presença de agentes de segurança no campus com poder para deter alunos e a revisão do currículo de seu departamento de estudos do Oriente Médio.

Na ordem executiva de quarta-feira, Trump afirmou que “os estudantes e contribuintes americanos merecem algo melhor”.

“Minha administração reformará nosso disfuncional sistema de credenciamento para que as faculdades e universidades se concentrem em oferecer programas acadêmicos de alta qualidade a um preço razoável”, declarou.

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