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Juiz conclui seleção do júri para julgamento histórico de Trump

O juiz de instrução do julgamento de Donald Trump concluiu a seleção dos 12 membros do júri que vai selar a sorte do primeiro ex-presidente da história americana a se sentar no banco dos réus e que deseja voltar à Casa Branca.

Após a sessão desta quinta-feira (18), o juiz Juan Merchan disse esperar que o processo seja concluído amanhã, quando ele vai selecionar os seis suplentes do júri.

Ao retornarem hoje à sala da Suprema Corte de Manhattan, dois dos sete jurados selecionados na última terça-feira foram recusados, e o juiz teve que substituí-los, além de escolher os cinco que faltavam.

Um grupo de 22 candidatos vai retornar amanhã à sala para responder a um questionário de 42 perguntas sobre a sua profissão, seu local de trabalho, os jornais que leem e as redes sociais que usam, para determinar a sua inclinação política.

Merchan espera começar na próxima segunda-feira com as alegações do caso, antes de ouvir as testemunhas, em um processo que deve durar seis semanas.

Por razões de segurança, a imparcialidade e o anonimato são essenciais para definir o júri que terá a responsabilidade de selar o destino do candidato republicano nas eleições de 5 de novembro.

Ao fim da sessão, Trump se queixou de estar sendo afastado da campanha eleitoral por ser obrigado a participar do julgamento. Também reclamou da temperatura na sala do tribunal de Manhattan, onde ocorre o “julgamento injusto”.

“Todos sabem que tenho que estar em muitos lugares fazendo campanha”, disse, acrescentando que, ao invés disso, “estou sentado aqui há dias, da manhã até a noite nessa sala gelada”, lamentou.

A Promotoria de Manhattan acusa o magnata de 34 falsificações de documentos contábeis da empresa da família, a Trump Organization, para comprar o silêncio de uma ex-atriz pornô por um caso extraconjugal, para que não interferisse na campanha de 2016 que ele venceu contra a democrata Hillary Clinton.

Entre as testemunhas da Promotoria está o ex-advogado pessoal do magnata, Michael Cohen, que foi quem pagou do próprio bolso a ex-atriz pornô Stormy Daniels, fazendo o valor passar por despesas legais. Cohen foi condenado após se declarar culpado.

Para ser considerado culpado, Trump, 77, que se diz inocente, precisa de um veredito unânime do júri.

Merchan espera que as alegações do caso comecem na segunda-feira, antes do desfile de testemunhas, embora vá encerrar a sessão às 14h00 locais para acomodar as pessoas que celebram a Páscoa judaica, horário que manterá na terça-feira.

– ‘Não posso culpá-los’ –

O juiz já marcou uma audiência para a próxima semana para analisar se Trump deve ser detido por desacato por violar repetidamente uma ordem que o proíbe de falar de pessoas ligadas ao caso.

O magnata republicano começou a sentir nesta quinta-feira o efeito de seus habituais ataques verbais contra as testemunhas, especialmente em sua plataforma Truth Social, onde costuma repetir que é vítima de uma “caça às bruxas” orquestrada pelos democratas para impedi-lo de retornar à Casa Branca.

A acusação negou à defesa do magnata a lista das primeiras três testemunhas, apesar de ser uma “cortesia” habitual. “O senhor Trump tem tuitado sobre as testemunhas”, alegou o promotor Joshua Steinglass.

“Não posso culpá-los por isso”, reagiu o juiz à essa recusa.

Além do julgamento em Manhattan, Trump tem outras frentes judiciais abertas por tentar reverter os resultados eleitorais de 2020 para permanecer na Casa Branca e pelo manuseio de documentos secretos após deixar a presidência em 2021. É pouco provável, porém, que esses casos sejam julgados antes das eleições presidenciais deste ano.

bur-af/nn/mar/aa/fp/dd/ic/yr-lb/am

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