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Universidade de Columbia ameaça expulsar estudantes que ocupam prédio em manifestação pró-palestinos

Por Brendan O’Brien

(Reuters) – Autoridades da Universidade de Columbia ameaçaram nesta terça-feira expulsar estudantes que invadiram e ocuparam um prédio acadêmico, enquanto o impasse entre administradores e manifestantes pró-palestinos se intensifica.

Pouco depois da meia-noite, ativistas quebraram as janelas e ocuparam o Hamilton Hall — famoso local de protestos de estudantes desde os anos 1960 — e ergueram uma faixa com a frase “Salão do Hind”.

“O prédio está liberado em homenagem a Hind, uma criança palestina de 6 anos assassinada em Gaza pelas forças de ocupação israelenses financiadas pela Universidade de Columbia”, gritou um manifestante do lado de dentro, com os outros, no lado de fora, repetindo cada frase.

Manifestantes do lado de fora bloquearam as portas com mesas e uniram os braços para formar uma barricada na parte da frente.

Um porta-voz da universidade disse que os manifestantes optaram por agravar uma “situação insustentável” e que a principal prioridade da escola é a segurança e a ordem no campus.

“O trabalho da universidade não pode ser interrompido indefinidamente por manifestantes que violam as regras. Continuar a fazê-lo terá consequências claras”, disse o porta-voz da escola, Ben Chang, em comunicado.

Chang disse que os estudantes que ocupam o prédio podem ser expulsos.

Minutos depois de os manifestantes obterem acesso ao prédio, policiais da cidade de Nova York chegaram aos portões da universidade em carros sem identificação, segundo o jornal Columbia Spectator. De acordo com o veículo, a polícia disse ao jornal que entraria no terreno da universidade apenas se alguém fosse ferido.

Cerca de três horas depois dos estudantes entrarem no prédio, a universidade enviou uma notificação dizendo que, com efeito imediato, acesso ao campus estava limitado a estudantes que moram nos alojamentos do campus e funcionários que fornecem serviços essenciais.

“Essa restrição de acesso continuará em vigor até que as circunstâncias permitam o contrário”, disse. “A segurança de cada um dos membros desta comunidade é fundamental. Agradecemos pela sua paciência, cooperação e compreensão”.

A ocupação do prédio em Columbia está no centro de protestos relacionados a Gaza em câmpus universitários ao redor dos EUA nas últimas semanas.

Estudantes de dezenas de câmpus da Califórnia à Nova Inglaterra organizaram acampamentos similares para demonstrar sua raiva com a operação israelense em Gaza e o que consideram ser a cumplicidade de suas universidades.

Na segunda-feira, a Universidade de Columbia começou a suspender estudantes ativistas pró-palestinos que se recusaram a desarmar o acampamento, após declarar um impasse em negociações para encerrar a manifestação.

A reitora da universidade, Nemat Minouche Shafi, disse em um comunicado que dias de negociações entre organizadores dos estudantes e líderes acadêmicos não conseguiram persuadir os manifestantes a retirar as dezenas de barracas armadas para expressar oposição à guerra de Israel em Gaza.

Os manifestantes do câmpus de Manhattan exigem que Columbia cumpra três demandas: desinvestir em Israel, transparência nas finanças da universidade e anistia para estudantes e professores disciplinados por participarem dos protestos.

Shafik disse nesta semana que Columbia não abriria mão de seus interesses financeiros em Israel. Em vez disso, ofereceu investir em saúde e educação em Gaza e tornar as holdings de investimento direto de Columbia mais transparentes.

Israel nega estar tentando atingir civis em sua guerra contra o Hamas em Gaza e acusa os militantes de se esconderem entre eles.

(Reportagem de Reuters em Nova York, Brendan O’Brien em Chicago e Rich McKay em Atlanta)

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