
Acordo com o Mercosul gera polêmica

Acordo de livre comércio entre Suíça e Mercosul avança, mas deixa de fora proteção à propriedade intelectual. Enquanto a indústria suíça celebra o acesso facilitado a um mercado de 270 milhões de pessoas, ambientalistas e agricultores alertam para riscos sociais e ecológicos. Visita de Lula a Cristina Kirchner também agita cenário político da cúpula.
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De 28 de junho a 4 de julho de 2025, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal ou África lusófona.

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Propriedade intelectual fica fora de acordo com Mercosul
Os países da EFTA e do Mercosul não chegaram a um acordo sobre a proteção da propriedade intelectual no acordo de livre comércio, segundo a revista de economia CashLink externo. O Brasil não se convenceu a tratar os produtos suíços patenteados da mesma forma que os nacionais.
As negociações relativas à proteção de patentes foram muito difíceis, afirmou o ministro da Economia, Guy Parmelin, na sexta-feira, em Zurique, perante a imprensa suíça. Por isso, as discussões serão retomadas posteriormente.
Apesar disso, o resultado das negociações é muito bom para o acesso da Suíça aos mercados do Mercosul. Assim, após o término dos prazos de redução de tarifas alfandegárias de até 15 anos, quase 95% das exportações suíças poderão ser totalmente isentas de tarifas. Isso corresponde a uma economia de até 180 milhões de francos suíços por ano em tarifas alfandegárias.
Por sua vez, a Suíça concede aos quatro países um total de 25 contingentes bilaterais para produtos sensíveis do setor agrícola, como a carne. A aliança econômica Mercosul reuniu nessas negociações a Argentina, o Brasil, o Uruguai e o Paraguai.
Fonte: Cash,Link externo em 04.07.2025 (em alemão)
Lula desafia Milei em casa ao visitar sua principal oponente
O presidente do Brasil, Lula, visitou Cristina Kirchner, principal opositora do chefe de Estado argentino Javier Milei. Este encontro chocante ocorreu à margem da cúpula do Mercosul, em um contexto de tensão entre os dois gigantes sul-americanos.
O bloco sul-americano do Mercosul defendeu na quinta-feira sua abertura comercial acelerada, durante uma cúpula em Buenos Aires. À margem da cúpula, o brasileiro Lula visitou Cristina Kirchner, sua aliada política e oponente do presidente Milei, que está em prisão domiciliar.
Logo após a cúpula, Luiz Inácio Lula da Silva foi ao meio-dia à casa de Kirchner, no bairro de Constitucion, sob os aplausos de mais de uma centena de apoiadores da ex-presidente peronista (centro-esquerda). Ele saiu quase uma hora depois, cumprimentando a multidão sem fazer declarações, observou a AFP, citada pelo site de notícias BlickLink externo.
“Desejei a ela toda a força necessária para continuar lutando, com a mesma determinação que caracterizou sua trajetória”, escreveu pouco depois o líder de esquerda brasileiro no X. Kirchner, 72, cumpre há três semanas em casa uma pena de seis anos de prisão e inelegibilidade vitalícia, após sua condenação por administração fraudulenta durante seus mandatos (2007-2015).
Fonte: Blick,Link externo em 04.07.2025 (em francês)
Acordo com o Mercosul gera polêmica
Há oito anos que a Suíça negocia o livre acesso aos mercados sul-americanos. Depois de superar inúmeros obstáculos, foi possível concluir um acordo de livre comércio com o Mercosul na quarta-feira, em Buenos Aires, Argentina, por uma delegação suíça liderada pelo ministro da Economia, Guy Parmelin. O acordo inclui a Suíça e seus parceiros da AELC (Associação Europeia de Livre Comércio), ou seja, Noruega, Islândia e Liechtenstein.
Isso abre para a economia de exportação suíça um mercado de mais de 270 milhões de habitantes, incluindo Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Enquanto os meios econômicos, com a indústria de máquinas à frente, aplaudem com entusiasmo, o mundo agrícola manifesta seus receios e os defensores do meio ambiente já brandem a ameaça de um referendo. Os debates prometem ser acalorados, segundo o jornal Le CourrierLink externo.
Guy Parmelin “comemorou este resultado” nas redes sociais: “Este acordo reforçará as relações econômicas, aumentará a segurança jurídica e promoverá o comércio sustentável entre nossas regiões”, escreveu ele no X. Grande defensor desses acordos de livre comércio, o ministro suíço assinou um acordo no ano passado com a Índia e outro há três meses com a Malásia. Lembramos também que, há quatro anos, um acordo com a Indonésia resultou em um referendo. O povo suíço aprovou por uma pequena margem (51,7% de votos a favor) após uma campanha centrada nas importações de óleo de palma e no desmatamento que isso causa na Indonésia.
As preocupações ambientais são semelhantes neste caso. “Mais livre comércio agrícola significa mais destruição maciça do meio ambiente”, afirma Nicolas Walder. O deputado federal verde dá o exemplo do Brasil: “A floresta tropical está sendo impiedosamente destruída, as monoculturas envenenam o solo e a água está se tornando escassa. Vamos parar essa evolução em vez de incentivá-la!”
Fonte: Le CourrierLink externo, em 03.07.2025 (em francês)
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