
Correios Suíços transferem empregos para Portugal

Os Correios Suíços transferem 200 empregos de informático para Lisboa e congelam novas contratações na Suíça, acendendo uma polêmica que envolve sindicatos, Parlamento e a credibilidade de serviços estratégicos. Essas e outras notícias fizeram a cobertura semanal da imprensa helvética nesta semana.
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De 6 a 12 de setembro de 2025, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal ou África lusófona.
Justiça condena Bolsonaro a 27 anos de prisão
O portal da Televisão Suíça (SRF) e praticamente toda a imprensa suíça destacaram a condenação do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, sublinhando o forte impacto internacional da decisão.
Quatro dos cinco juízes do Supremo Tribunal Federal (STF) consideraram Bolsonaro culpado de tentativa de golpe de Estado contra o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, tornando-o o primeiro ex-presidente do Brasil condenado por esse crime. A sentença prevê 27 anos e 3 meses de prisão.
Segundo a corte, Bolsonaro articulou, junto a militares e aliados, a imposição de um estado de emergência e a convocação de novas eleições, mas não obteve apoio da cúpula das Forças Armadas. A defesa alegou falta de provas e classificou o processo como “julgamento político”.
O caso ganhou dimensão internacional por suas semelhanças com a invasão do Congresso dos EUA em 2021, episódio ligado ao ex-presidente Donald Trump, aliado próximo de Bolsonaro.
Além da acusação de golpe, Bolsonaro também foi condenado por abolição violenta do estado democrático de direito, participação em organização criminosa, danos a patrimônio cultural e destruição de bens públicos. Ele ainda teria tido conhecimento de planos para assassinar Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes. Outros sete militares de alto escalão e ex-integrantes de seu governo também foram condenados.
Fonte: SRFLink externo, Cash.chLink externo, WatsonLink externo, Bluewin.chLink externo, 24heures.chLink externo, 12.09.2025 (em alemão e francês)

Juiz vota por absolvição de Jair Bolsonaro
O jornal Blick, de maior circulação da Suíça, publicou um artigo sobre o julgamento de Jair Bolsonaro, destacando a enorme repercussão internacional do caso, que vem mobilizando amplamente a imprensa helvética.
A reportagem relata que o ministro do Supremo Tribunal Federal Luiz Fux votou pela absolvição do ex-presidente, criticando o processo como um “julgamento político”. Apesar disso, Bolsonaro ainda enfrenta risco de condenação, já que o placar parcial é de 2 a 1 contra ele, restando apenas dois votos a serem proferidos até sexta-feira.
O texto sublinha as acusações de tentativa de golpe e liderança de uma “organização criminosa” para se manter no poder após perder as eleições de 2022, o que pode resultar em até 43 anos de prisão. Ressalta também a polarização no Brasil, as ameaças sofridas por magistrados, a ausência de Bolsonaro nas audiências por motivos de saúde e as consequências diplomáticas – com os Estados Unidos impondo sanções contra juízes do STF e Donald Trump classificando o julgamento como “caça às bruxas”.
Fonte: blick.ch, 11.09.2025Link externo (em alemão)
Equipe da CS-Brasil se infiltra no UBS
O jornalista Lukas Hässig, do portal suíço Insideparadeplatz, especializado em jornalismo investigativo do mercado financeiro, publicou um artigo revelando os bastidores do poder do banqueiro Marcello Chilov, ex-Credit Suisse Garantia e hoje figura central no UBS na América Latina.
Segundo a reportagem, após a queda do Credit Suisse, Chilov consolidou sua influência sobre a região, controlando cerca de US$ 250 bilhões em ativos de clientes e impondo sua liderança com apoio de Iqbal Khan, chefe global de private banking do UBS. A matéria descreve seu estilo agressivo, comparado ao de Donald Trump, e relata o afastamento de executivos suíços que resistiam à sua ascensão, como Matthias Musch, recentemente cooptado pelo JPMorgan.
O texto também expõe tensões internas no UBS, críticas à “cultura tóxica” dos aliados de Chilov e a polêmica sobre fundos de sustentabilidade lançados pelo antigo CS Garantia, que podem gerar perdas de até 250 milhões de francos (R$ 1,6 bilhão). Embora o banco negue envolvimento direto de Chilov, investigações e ações judiciais estão em andamento, em um cenário comparado ao escândalo Greensill.
Por fim, Hässig aponta que, apesar de seu prestígio internacional, os negócios onshore do UBS no Brasil enfrentam prejuízos, enquanto os lucros vêm sobretudo de operações offshore em Zurique – o que reforçaria a estratégia de Chilov de ampliar seu controle sobre o centro financeiro suíço.
Fonte: insideparadeplatz.ch, 11.09.2025Link externo (em alemão)
Ela fala sobre violência sexual e, em seguida, leva um choque no palco
O jornal Der Bund, da capital suíça Berna, publicou uma entrevista com a artista brasileira Carolina Bianchi por ocasião da estreia de sua peça “The Bride and The Goodnight Cinderella”, apresentada no Dampfzentrale Bern. O espetáculo aborda de forma radical o tema da violência sexual contra mulheres, questão central na trilogia “Cadela Força”, iniciada em 2023 e já premiada com o Leão de Prata na Biennale di Venezia.
Na performance, Bianchi ingere uma substância narcótica e desmaia no palco, enquanto o coletivo interage com seu corpo inerte – recurso que provoca reflexão sobre a fronteira entre ficção e realidade. A artista explica que sua pesquisa surgiu da obsessão por compreender a ligação histórica entre estupro e feminicídio, problema ainda urgente no Brasil, onde em 2024 já foram registrados quatro feminicídios por dia.
Na entrevista, Bianchi afirma que não busca “mudar o mundo”, mas despertar pensamentos e conversas que ultrapassem respostas simplistas. Para ela, reduzir sua obra apenas ao tema do estupro é reflexo da forma como a arte de mulheres historicamente tem sido interpretada de maneira limitada.
Fonte: Der Bund, 11.09.2025Link externo (em alemão)
Sindicato critica Correios Suíços por realocar empregos
O portal inside-it.ch, especializado em tecnologia e informática, publicou um artigo sobre a polêmica decisão dos Correios Suíços (Swiss Post) de transferir 200 postos de trabalho de TI para Lisboa, enquanto cortam o mesmo número de funções na Suíça.
A estatal afirma que não haverá demissões, justificando a medida pela pressão de custos e pela escassez de mão de obra qualificada no país. Garante ainda que o “Campus de TI” em Lisboa vai complementar, e não substituir, as operações suíças.
Mesmo assim, sindicatos alertam para riscos estratégicos, citando áreas sensíveis como o sigilo postal e a gestão da votação eletrônica. O tema repercute também no campo político, já que o parlamento discute o futuro dos Correios Suíços, em meio a dificuldades financeiras e cortes adicionais de empregos no país.
Fonte: inside-it.ch, 10.09.2025Link externo (em alemão)
Correios Suíços transferem 200 empregos para Portugal
O artigo, repercutido por diversos jornais e portais suíços, destaca que os Correios Suíços vão abrir 200 postos de trabalho em seu “Campus de TI” em Lisboa, enquanto cortam o mesmo número de posições na Suíça. A estatal garante que não haverá demissões, mas os sindicatos manifestaram preocupação com a transferência de funções estratégicas para o exterior, como o sigilo postal e a gestão da votação eletrônica.
A empresa justifica a decisão pela pressão de custos e pela falta de mão de obra qualificada na Suíça, afirmando que Lisboa complementa – e não substitui – a operação local, que continua sendo o principal polo de TI.
O tema ganha peso político porque o parlamento suíço discute atualmente o futuro papel da Correios Suíços, em meio a dificuldades financeiras e anúncios de cortes de até 100 empregos no país.
O caso gerou repercussão justamente por envolver uma empresa pública estratégica, o mercado de trabalho suíço e o impacto de realocações para Portugal.
Fonte: Le TempsLink externo, WatsonLink externo, RFJLink externo, NauLink externo, 09.09.2025 (em francês e alemão)

África deve ter o tamanho certo no mapa mundial
O jornal francófono Le Matin, com base em reportagem da agência AFP, publicou um artigo sobre a campanha “Correct the Map”, que denuncia as distorções da projeção de Mercator, amplamente usada em escolas e mapas-múndi desde o século 16.
Embora a projeção facilite a navegação, ela reduz visualmente a África e regiões equatoriais, enquanto amplia a Europa, a América do Norte e a Groenlândia, alimentando uma percepção histórica de marginalização do continente africano.
A iniciativa, liderada pelo grupo Speak Up Africa e pela Africa No Filter, defende a adoção da projeção Equal Earth, lançada em 2018, que mantém as proporções corretas entre os continentes e já foi aprovada pela União Africana.
Especialistas ouvidos pela AFP lembram que nenhuma projeção é perfeita, mas os organizadores consideram essencial que as novas gerações vejam a África em sua verdadeira dimensão: vasta, central e indispensável.
Fonte: Le Matin, 08.09.2025Link externo (em francês)
Milhares de apoiadores de Jair Bolsonaro nas ruas do Brasil
O Le Temps, jornal mais prestigiado da Suíça francófona, publicou reportagem sobre os protestos de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, tema amplamente repercutido pela imprensa helvética.
Dezenas de milhares de pessoas foram às ruas em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília para denunciar o julgamento de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado e pedir anistia aos condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023.
O Supremo Tribunal Federal deve anunciar até 12 de setembro o veredito que pode levar Bolsonaro, hoje em prisão domiciliar, a até 43 anos de prisão.
A manifestação na Avenida Paulista, organizada pelo pastor Silas Malafaia e com presença de Michelle Bolsonaro, contou com cartazes contra Lula e os ministros do STF, além de mensagens de apoio a Donald Trump, que criticou o processo judicial no Brasil.
Enquanto isso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em desfile do Dia da Independência, reafirmou o lema “Brasil Soberano” e alertou que uma eventual anistia no parlamento representaria risco diante da força da extrema direita.
Fonte: Le Temps, 08.09.2025Link externo (em francês)

“O prefeito tem responsabilidade política”
O portal da Rádio e Televisão da Suíça germanófona (SRF) publicou reportagem sobre o grave acidente ferroviário em Lisboa, que deixou 16 mortos e 21 feridos no funicular da Glória. O texto foi assinado por Tilo Wagner, correspondente que vive há muitos anos em Portugal.
Com base no primeiro relatório oficial do Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes Aéreos e Ferroviários (GPIAAF), Wagner relata que a tragédia ocorreu devido a falhas na conexão entre o cabo e o vagão, que acabou descendo descontrolado e colidindo com um prédio.
A matéria destaca também as implicações políticas do desastre às vésperas das eleições locais de outubro. Embora não seja diretamente responsável pela terceirização da manutenção, o prefeito Carlos Moedas enfrenta críticas e já foi alvo de pedido de renúncia por parte de um ex-dirigente socialista.
Segundo Wagner, a publicação completa do relatório está prevista apenas para depois das eleições — o que pode influenciar o debate político e abrir espaço para especulações em plena campanha.
Fonte: SRF, 07.09.2025Link externo (em alemão)
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Publicaremos nossa próxima revista da imprensa suíça em 19 de setembro. Enquanto isso, tenha um bom fim de semana e boa leitura!
Até a próxima semana!

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