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Zona do euro cresceu acima das expectativas no 1T, apesar da incerteza

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A zona do euro conseguiu resistir às tensões tarifárias impulsionadas pelos Estados Unidos no primeiro trimestre do ano, embora as perspectivas para o restante de 2025 sugiram um retorno a um desempenho mais modesto. 

O PIB da zona do euro cresceu 0,4% no primeiro trimestre em comparação com os três meses anteriores, ligeiramente acima das expectativas dos analistas de mercado, anunciou a agência europeia de estatísticas Eurostat nesta quarta-feira (30). 

O início do ano foi marcado por anúncios em Washington sobre uma nova política comercial baseada em tarifas alfandegárias elevadas, o que causou calafrios em bolsas de valores, chancelarias e diversos setores. 

Nessa escalada tarifária, a UE decidiu insistir em negociações com as autoridades americanas, mas simultaneamente preparou uma pesada bateria de medidas de represália caso as negociações não mudem a situação.

Também nesta quarta, o Departamento de Comércio dos Estados Unidos anunciou que o PIB da maior economia do mundo encolheu 0,3% em taxa anualizada no primeiro trimestre, uma tendência que o presidente Donald Trump atribuiu ao seu antecessor, Joe Biden.  

O agravamento repentino das tensões comerciais com os Estados Unidos ocorreu enquanto a UE buscava desesperadamente sair da estagnação virtual em que sua economia entrou desde a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Por isso, especialistas consultados pela Bloomberg projetavam um avanço de 0,2% na zona do euro nos primeiros três meses deste ano. No último trimestre de 2024, a Eurostat registrou um aumento de 0,1%. 

Para a UE como um todo — incluindo países que não usam a moeda comum — a Eurostat mediu um crescimento de 0,3% no primeiro trimestre, após ter registrado um aumento de 0,4% no último trimestre de 2024. 

As principais economias da zona do euro seguiram a tendência geral. 

A Alemanha, motor econômico da UE, registrou um crescimento de 0,2% no primeiro trimestre do ano, enquanto a França teve um aumento mais modesto, de 0,1%, e a Itália estimou seu crescimento em 0,3%. 

Enquanto isso, entre as principais economias do bloco, a Espanha teve o melhor desempenho, com crescimento de 0,6% em relação ao trimestre anterior.

– Tendência para o resto do ano –

Esses resultados ficaram ligeiramente além das expectativas, devido à incerteza generalizada em torno das crescentes tensões comerciais entre a UE e os Estados Unidos. 

Os resultados do primeiro trimestre “sugerem que a economia começou o ano mais forte do que esperávamos e do que as pesquisas de atividade sugeriram”, observou a especialista Franziska Palmas, economista da consultoria Capital Economics. 

No entanto, a especialista acrescentou que “ainda esperamos que o crescimento desacelere acentuadamente nos próximos seis meses, já que as tarifas dos EUA anunciadas em abril impactarão a atividade econômica”. 

Na estimativa de Palmas, as tarifas alfandegárias americanas podem subtrair “cerca de 0,2% do crescimento do PIB, e qualquer impulso do estímulo fiscal alemão só chegará no final deste ano, no mínimo”. 

Sobre a Espanha, Palmas observou que o apagão que deixou o país no escuro na segunda-feira pode “subtrair até 0,4% do crescimento do PIB do país no segundo trimestre”.

Por sua vez, Sam Miley, economista do Centro de Pesquisa Econômica e Empresarial (CEBR), em Londres, observou que a tendência para o resto do ano pede cautela. 

“Apesar do desempenho sólido no primeiro trimestre, a perspectiva para o bloco monetário continua fraca, impulsionada pela incerteza geopolítica e pela fraca demanda interna”, observou. 

Portanto, sua equipe projetou que “a economia da zona do euro crescerá apenas 0,8% este ano, bem abaixo de sua tendência de longo prazo”.

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