A dois meses das eleições, prefeito do Rio é declarado inelegível
O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, foi declarado “inelegível” pela Justiça Eleitoral nesta quinta-feira (24), dois meses antes das eleições municipais.
Os sete juízes do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) decidiram por unanimidade que Crivella não pode ser candidato até 2026.
A defesa do prefeito afirmou que apelará da decisão aos órgãos superiores e que ele participará das eleições marcadas para novembro.
O TRE tomou sua decisão por entender que Crivella utilizou funcionários e recursos do município para pedir votos para seu filho, candidato a deputado federal em 2018.
No evento para promover a candidatura, foram utilizados veículos e funcionários da Comlurb, empresa pública de limpeza urbana, segundo o tribunal.
Os advogados de Crivella negam qualquer irregularidade e relatam falhas no processo.
Ex-pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, Crivella, de 62 anos, foi eleito no final de 2016.
Ao longo de sua gestão, enfrentou três pedidos de impeachment por diversas questões, mas nenhum foi aceito pela Câmara Municipal.
O último foi motivado por um escândalo denunciado pela TV Globo e apelidado de “Guardiões de Crivella”, esquema pelo qual funcionários públicos intimidavam jornalistas enquanto faziam reportagens em hospitais administrados pela prefeitura.
Os integrantes desses grupos, que coordenavam suas ações via WhatsApp, se faziam passar por cidadãos comuns ao gritar com repórteres que tentavam entrevistar familiares de pacientes do Rio, uma das cidades mais afetadas pela pandemia do novo coronavírus.
A imprensa também noticiou uma investigação do MP sobre uma suposta rede de desvio de recursos públicos da prefeitura, realizada por meio de movimentações financeiras milionárias da Igreja Universal do Reino de Deus.
Nas últimas semanas, por causa da campanha municipal, Crivella buscou o apoio do presidente Jair Bolsonaro, eleito em 2018 com forte apoio das igrejas neopentecostais.
O Rio de Janeiro tem sido palco nas últimas duas décadas de uma série de grandes escândalos de corrupção.
Nesta semana, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio aprovou a abertura de processo de impeachment do governador do estado, Wilson Witzel, acusado de fazer parte de uma rede de desvio de recursos públicos na área de saúde.