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Brasil é o segundo país com mais mortos por coronavírus

Banhistas passam por 100 túmulos simulados cavados por ativistas da ONG Rio de Paz, simbolizando as mortes por coronavírus no Rio de Janeiro, em 11 de junho de 2020, no dia em que o Brasil supera 40.000 mortos por COVID-19. afp_tickers

O Brasil se tornou nesta sexta-feira o segundo país com mais mortes por coronavírus,(41.828), atrás dos Estados Unidos, segundo dados oficiais divulgados após a OMS descrever a situação do gigante sul-americano como “preocupante”, embora seu sistema de saúde não esteja “completamente saturado”.

O último balanço do Ministério da Saúde registrou 909 mortes nas últimas 24 horas, atingindo a marca de 41.828 óbitos, superando o Reino Unido (41.481).

O Brasil também é o segundo em número de casos, com novos 25.982 diagnósticos positivos, o país tem agora 828.810 infectados por COVID-19.

O primeiro lugar em mortes e em casos confirmados pertence aos Estados Unidos.

Calculada por milhão de habitantes, a perspectiva no Brasil é, no entanto, menos dramática: 199, contra 344,5 nos Estados Unidos e 611 no Reino Unido, que agora é o terceiro em óbitos, com 41.481, segundo uma contagem da AFP.

Especialistas suspeitam que, dada a falta de testes no país, os números reais sejam provavelmente muito maiores.

Os estados com mais mortes são São Paulo (10.368) e o Rio de Janeiro (7.417), respectivamente.

Os mais afetados por milhão de habitantes são os estados do norte e nordeste, especialmente Amazonas e Ceará.

O avanço da pandemia no Brasil ocorre em meio a um clima de tensão entre o presidente Jair Bolsonaro e os governadores dos estados que aplicaram medidas de quarentena desde o início, que para Bolsonaro representam uma ruína econômica.

Com a curva da pandemia ainda em ascensão e apesar das advertências dos epidemiologistas, muitos estados e municípios começaram dias atrás a relaxar gradualmente medidas, pressionadas pela urgência econômica.

Nesta sexta-feira, “Dia dos Namorados”, as lojas e shoppings de São Paulo e Rio de Janeiro registraram um notável movimento, assim como as praias dos cariocas, embora a restrição de permanecer na areia continue.

-“Filmem os hospitais” –

Bolsonaro, que não demonstrou empatia pelas dezenas de milhares de mortos e por profissionais da saúde, motivou uma nova onda de críticas nesta sexta-feira, ao pedir à população que entrem em hospitais e filmem a ocupação “real” dos leitos destinados a pacientes com COVID-19.

“Se você tem um hospital de campanha por perto, um hospital público, encontre uma maneira de entrar e filmar”, disse o presidente, que chegou a questionar o número total de mortes por coronavírus no país, em uma transmissão ao vivo no Facebook.

“Segundo as informações que temos – posso estar errado – praticamente ninguém morreu devido à falta de respiradores ou leitos em terapia intensiva”, disse ele.

Desde o início da pandemia, dados oficiais mostraram que a ocupação de leitos em Centros de Terapia Intensiva (CTI) chegou a ultrapassar 95% em vários estados, embora essa taxa esteja diminuindo em São Paulo e no Rio de Janeiro.

A pandemia atingiu com força as grandes metrópoles no início e agora avança no interior, sobrecarregando os sistemas de saúde nas cidades médias e pequenas, além de áreas rurais.

Nesta sexta-feira, o diretor de emergências em saúde da OMS, Mike Ryan, reiterou em videoconferência que a situação no Brasil é “preocupante”, mas disse que, embora “sob pressão”, o país ainda é capaz de atender à demanda por leitos hospitalares.

“O sistema de saúde não está completamente saturado, mas em algumas regiões há uma forte pressão sobre a ocupação de leitos de terapia intensiva”, disse ele.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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