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Brasil supera as 80.000 mortes por COVID-19

Vista aérea de sepulturas no cemitério Nossa Senhora Aparecida, em Manaus, 20 de julho de 2020 afp_tickers

O Brasil superou a marca de 80.000 mortes por COVID-19, segundo dados oficiais publicados nesta segunda-feira (20), que confirmam a estabilização da pandemia em um “platô” elevado de mais de 1.000 mortes diárias na média semanal.

Segundo o Ministério da Saúde, foram registradas nas últimas 24horas 632 novos falecimentos, elevando o total a 80.120, uma cifra que dobrou em 40 dias.

O número de infectados aumentou em 20.257, totalizando 2.118.646, embora os especialistas considerem que este número está subestimado, devido à falta de testes.

O Brasil, com quase 212 milhões de habitantes, é o segundo país do mundo em número de casos e mortes pelo novo coronavírus, atrás apenas dos Estados Unidos (3,8 milhões de casos e 141.000 mortes).

Desde o primeiro óbito registrado no Brasil, em 16 de março, o balanço teve um rápido aumento até se estabilizar no início de junho em mais de mil mortes diárias na média calculada nos últimos sete dias.

“Há um platô. O Brasil tem agora a oportunidade de frear a doença, suprimir a transmissão do vírus, de tomar o controle” da epidemia, declarou na semana passada, em Genebra, o responsável de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Michael Ryan.

“De fato, tanto o número de casos como o de óbitos se mantém em nível estável. O problema é que é muito alto”, declarou à AFP Mauro Sanchez, epidemiologista da Universidade de Brasília (UnB).

“A perspectiva é que o platô se mantenha (nesse nível) por algum tempo antes de começar a cair”, completou Sanchez, para quem o processo “dependerá do que for feito em relação a políticas públicas e de adesão da população”.

As tentativas de controle da pandemia têm sido comprometidas principalmente por sua politização.

Em nome da sobrevivência da economia, o presidente Jair Bolsonaro tem se mostrado um fervoroso opositor das medidas de confinamento impostas pelos governadores do país.

Já a maioria dos estados coloca atualmente em prática um processo de suspensão do confinamento julgado prematuro por especialistas.

O próprio Bolsonaro contraiu o vírus, mas não modificou a postura desafiadora em relação à gravidade da doença.

Diagnosticado há duas semanas, Bolsonaro exerceu suas funções em confinamento no Palácio da Alvorada, mas, no domingo, voltou às ruas para elogiar a cloroquina e a hidroxicloroquina como tratamentos efetivos contra a COVID-19, apesar de não existirem evidências científicas que comprovem a eficácia dos medicamentos.

– “Centenas de pandemias” –

O novo coronavírus afeta o país de forma desigual e em ritmos diferentes.

“Devido a seu tamanho, o Brasil enfrenta centenas de pandemias, com algumas encaminhadas ao controle e outras acelerando”, analisou um relatório de modelização da Universidade de Pelotas (UNIPel), do Rio Grande do Sul.

Os dados revelam que a curva de mortes está subindo em sete dos 27 estados brasileiros, a maioria no sul e no centro-oeste, até agora bastante poupados pela doença.

Segundo Mauro Sánchez, estes estados poderiam ter “aprendido a lição” para mitigar o impacto da pandemia.

As chaves, explica, consistem em rastrear os contatos das pessoas infectadas “para quebrar a cadeia de transmissão”, em ampliar os testes e em fortalecer a tenção primária de saúde, a fim de evitar a sobrecarga das unidades de terapia intensiva.

Em outros dez estados registra-se uma estabilização da curva, incluindo São Paulo, o mais afetado em números absolutos, com 19.788 óbitos, quase um quarto do total.

Aponta-se finalmente um recuo dos óbitos nos dez estados distantes, entre eles o Rio de Janeiro, um dos mais castigados tanto em números absolutos (12.161 mortos) quanto relativos, com 704 óbitos por milhão de habitantes, muito acima da média nacional (381 mortos por milhão/hab).

Os estados do norte, onde vivem os povos amazônicos com baixa imunidade para vírus exógenos, também aparecem como as regiões mais castigadas.

SWI swissinfo.ch - sucursal da sociedade suíça de radiodifusão SRG SSR

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