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Harris diz que teve conversas "francas" com López Obrador sobre migração

A vice-presidente Kamala Harris e o presidente mexicano Andres Manuel Lopez Obrador chegam ao Palácio Nacional afp_tickers
Este conteúdo foi publicado em 08. junho 2021 - 17:33
(AFP)

A vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, disse nesta terça-feira (8) que manteve conversas "francas" e produtivas sobre migração com o presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, e enxergou uma "nova era" nas relações entre os dois países.

"Os Estados Unidos e o México têm uma antiga relação (...) baseada em uma fronteira em comum, em uma história em comum. Acredito firmemente que estamos entrando em uma nova era", afirmou Harris a López Obrador, segundo a imprensa que acompanha a vice-presidente e que teve acesso à reunião.

Harris, que no dia anterior estava na Guatemala, visitou nesta terça o México para debater a questão da migração ilegal para os Estados Unidos e a necessidade de resolver o problema levando em consideração suas causas profundas. Foram "conversas francas", disse a vice-presidente.

Para isso, os dois governos assinaram um memorando de entendimento que, de acordo com a vice-presidente, descreve como trabalharão para "abordar as raízes da migração e ajudar as pessoas a encontrarem esperança em casa".

O plano concentra-se no Triângulo Norte, formado pela Guatemala, Honduras e El Salvador, onde se buscará fomentar programas de desenvolvimento agrícola e trabalho juvenil, informou a Casa Branca.

Questões como a cooperação contra o tráfico de drogas e vacinas anticovid-19 também foram levantadas na reunião. Washington anunciou recentemente o envio ao México de um milhão de doses do imunizador Johnson & Johnson.

"Os Estados Unidos consideram o México um parceiro nessas questões", disse Harris a repórteres.

Um comunicado do governo mexicano detalhou que entre os acordos alcançados está a criação de um "grupo operacional especializado" para combater e desmantelar as redes de tráfico de pessoas no México.

O encontro "foi transcendente, benéfico para nossos povos e muito agradável", disse o presidente de esquerda, conhecido pela sigla AMLO, no Twitter.

- Não será imediato -

A entrevista aconteceu no Palácio Nacional, onde o presidente mostrou à vice-presidente alguns dos majestosos murais do artista mexicano Diego Rivera que enfeitam o local.

Harris disse que procura disse que busca dar aos centro-americanos um sentimento de "esperança" e que trabalhará para que não sejam forçados a deixar seus países devastados pela violência e pela pobreza.

Mas em entrevista à rede NBC, transmitida nesta terça, reconheceu que não há solução rápida para o problema. "Não veremos um retorno imediato. Mas veremos progresso", apontou.

Em um abrigo na Ciudad Juárez (fronteira norte), no México, a hondurenha Irma Escobar, de 33 anos, recentemente expulsa dos Estados Unidos, não sabia da visita de Harris, mas quando soube que não conseguiu esconder seu ceticismo em relação a uma mudança para os migrantes.

"Eles nos tiram de repente (dos Estados Unidos) e ninguém nos conta nada", disse à AFP Irma, que foi expulsa com seus dois filhos. Em sua opinião, a migração talvez pudesse ser travada “com o envio de ajuda, com maquiladoras, porque lá (em Honduras) não há trabalho”.

Desde que assumiu a presidência em dezembro de 2018, López Obrador ressaltou que para resolver o problema migratório seria necessário promover o desenvolvimento do sul do México e da América Central.

Seu governo lançou um programa de reflorestamento na região vizinha, chamado Sembrando Vida, para o benefício dos agricultores locais.

Após a reunião, Harris, vestindo um terno escuro e máscara, partiu, em meio a um forte dispositivo de segurança, para um hotel onde uma coletiva de imprensa está marcada.

- Prisões -

O México viveu momentos de tensão durante o governo do ex-presidente republicano Donald Trump, que ameaçou impor tarifas ao seu vizinho do sul se não parasse as caravanas de centro-americanos que em 2018 e 2019 buscaram chegar aos Estados Unidos.

López Obrador, que manteve um bom relacionamento com Trump, enviou grande parte da recém-criada Guarda Nacional para suas fronteiras norte e sul na tentativa de impedir e ordenar a passagem de pessoas sem documentos.

Mas com a chegada do democrata Joe Biden à presidência dos Estados Unidos, as políticas migratórias foram relaxadas, o que multiplicou as chegadas.

Em abril, cerca de 178 mil prisões de imigrantes sem documentos foram registradas na fronteira com o México, principalmente de centro-americanos, o número mais alto em 20 anos, de acordo com autoridades americanas.

A oposição republicana acusa Biden de desencadear uma nova "crise" nos mais de 3.000 quilômetros de fronteira com o México.

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