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60 anos de LSD

Pontos de LSD apreendidos pela polícia de Berna em 97. Droga foi desenvolvida por suíço em 1943. Keystone

LSD ou ácido lisérgico foi uma das principais drogas do movimento hippie.

Ela foi descoberta por acidente pelo químico suíço Albert Hofmann, que nos anos 40 trabalhava para a empresa Sandoz.

“Logo após ter absorvido a substância, fui forçado rapidamente a parar com o trabalho no laboratório, no meio da tarde, e a ir para casa, já que fui acometido por uma agitação excepcional acompanhada por uma ligeira de tontura. Assim que cheguei em casa, deitei-me e deixei-me levar numa espécie de embriagues que não era desagradável e que era caracterizada por uma atividade extrema da imaginação. Enquanto estava num estado de obscuridade com os meus olhos fechados, senti a luz do dia como sendo extremamente brilhante. Um fluxo ininterrupto de imagens fantásticas dotadas de uma plasticidade e vivacidade excepcional, acompanhada por um jogo caleidoscópio de cores, irrompeu em mim. Este estado terminou algumas três horas depois.”

Assim o químico suíço Albert Hofmann descreve no seu livro – “LSD, minha criança-problema” – sua primeira experiência acidental com o ácido lisérgico.

O descobridor da LSD é originário da Basiléia

A sigla “LSD” é conhecida mundialmente. O que poucos sabem, é o seu significado. Este revela as origens suíças da droga: “Lyserg Säure Diethylamid”.

Nascido em Basel, Hofmann trabalhou de 1929 até 1971 na antiga companhia farmacêutica Sandoz. Nos seus laboratórios ele pesquisava substâncias ativas de plantas, das quais o pesquisador conseguiu desenvolver não só medicamentos, mas também diversas substâncias psicoativas. O suíço descobriu novos remédios, tornou-se internacionalmente conhecido e recebeu até prêmios pelo seu trabalho.

LSD foi uma das suas descobertas. O efeito alucinógeno da substância, Hofmann descobriu por acaso na própria pele, como ele conta no seu livro. O ácido lisérgico havia sido desenvolvido em 16 de abril de 1943, para ser utilizado como um estimulador cardíaco. Ele sintetizou-a a partir da cravagem ou morrão, (Claviceps purpúrea), um fungo que se desenvolve no centeio.

Experiências feitas com animais não trouxeram nenhum resultado. Hofmann continuava suas pesquisas com o LSD e, ao lidar com a substância, uma gota caiu sobre sua mão. A pele acabou absorvendo o líquido e ele começou a sentir os efeitos do ácido lisérgico: medo, tonturas, visões, sentimentos de euforia. Três dias depois ele repetiu a experiência e teve os mesmo resultados.

LSD poderia ter tido uma utilização terapêutica

O químico suíço nunca poderia imaginar que sua descoberta seria glorificada por milhares de pessoas anos. Hoffmann via, porém, que LSD poderia ter uma utilidade em tratamentos psiquiátricos ou neurológicos. A firma Sandoz fabricou LSD em pílulas e ampolas de 1947 até 1966.

O primeiro relatório oficial sobre os efeitos do LSD, onde a substância foi utilizada como produto terapêutico, foi publicado em 1947 pela Universidade de Zurique. Ao contrário de outros calmantes, que acabam escondendo os problemas dos pacientes, o LSD coloca-os à mostra.

O ácido lisérgico ainda foi aplicado em outras áreas, como no tratamento de alcoólatras ou para diminuir o sofrimento de pessoas em estágio final do câncer. Também as forças armadas americanas testaram a substancia em soldados.

LSD, a droga dos anos 60

Aos poucos a imprensa começou a interessar-se pela nova substância. No final dos anos 50 e durante todo os anos 60, a droga já era a número um, sobretudo nos EUA.

Também o meio artístico acabou descobrindo o LSD como uma substância “inspiradora”. Nessa época surgiu o movimento “psicodélico”. Famosas foram as noites de “acid test” (testes de ácido), onde participavam artistas e músicos de grupos famosos como o “Grateful Dead”, “Jefferson Ariplane” ou “Santana”. O professor americano Timothy Leary ficou conhecido na época como o guru do LSD e pregava seu uso como “abre-portas” da consciência humana.

A partir de 1963 a droga já podia ser fabricada por qualquer pessoa dominando técnicas de laboratório, pois sua patente acabava de perder a validade e sua fórmula já não era mais secreta. Porém poucos anos depois, em 1966, os EUA colocaram o LSD na lista de substâncias proibidas. No mesmo ano, a Sandoz interrompeu sua produção.

O uso não-médico do ácido lisérgico não terminou nessa época, porém outras drogas mais possantes surgiram. Nos anos 90, o interesse por LSD viveu um renascimento através do movimento “tecno” e suas enormes festas, chamadas “rave-parties”.

Outras substâncias são melhores para uso médico

Para a Academia Suíça de Ciências Médicas, LSD já não é mais um tema de importância. Um pedido de autorização do uso da substância para fins médicos, feito há dez anos, foi recusado pelo fato de existirem hoje em dia produtos mais indicados e sem efeitos colaterais.

Para comemorar os 60 anos de nascimento do LSD, a editora suíça Nachtschatten publica a obra “Pontos de Vista”, de Albert Hoffmann, que comemorou 97 anos em janeiro. O pesquisador estará pessoalmente presente na Feira de Livros da Basiléia e lerá passagens da sua obra.

swissinfo com agências.

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