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As cidades do futuro serão aquecidas e resfriadas com gás carbônico

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Uma rede térmica que utiliza CO2 líquido em tubos está sendo testada atualmente no subsolo do campus Energypolis, em Sion. Ela é a primeira do tipo no mundo. Os idealizadores do projeto, que custou CHF 4 milhões, têm um ano para demonstrar que sua tecnologia funciona.

Nas empresas e nos lares, certos aparelhos produzem calor que poderia ser reutilizado, e o mesmo acontece com o frio. Um “sistema de anergia” torna possível a troca dessas calorias entre os consumidores. Atualmente, essa energia é transportada através de grandes tubulações de água. Mas utilizar o CO2 seria muito mais interessante e econômico, argumentam os responsáveis pelo projeto.

 O professor Jessen Page, chefe do projeto na HES-SO Valais-Wallis, em Sion, explica que foi tendo isso em mente que eles instalaram, no início de junho, um novo sistema revolucionário em três edifícios do campus Energypolis.  “Com um quilo de CO2 que evapora e condensa, terei dez vezes mais energia do que com um sistema de água que esfria ou aquece por volta de três graus”, explica Page.

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Acelerando a transição energética

Centenas de cientistas têm trabalhado nessa substituição da água pelo CO2. Ela também viabiliza que os tubos de transporte sejam dez vezes mais compactos e menos caros, com capacidade de atravessar facilmente as cidades, conectando todos os edifícios e não sendo afetados pelas geadas.

Combinada com um sistema inteligente de gerenciamento de energia, a utilização de gás carbônico poderia tornar as cidades autônomas, observa François Maréchal, professor da EPFL, que também é responsável pelo projeto. “A vantagem é que seremos capazes de buscar fontes de calor que normalmente são liberadas no ambiente e trazê-las de volta para os edifícios. Essa é uma das principais soluções para a transição energética.”

Além disso, essa rede de tubulações subterrânea não precisa ser enterrada profundamente. As tubulações podem, por exemplo, ser facilmente integradas em pavimentos pré-fabricados e conectar todos os edifícios de uma cidade, bem como as instalações industriais. “A cidade do futuro será aquecida e resfriada com CO2”, resume.

O desenvolvimento da rede de teste, que tem uma capacidade de cerca de 500 kW térmicos, durará três anos. Dois anos foram usados para projetá-la em escala real. “O terceiro ano é dedicado a testá-la, medindo sua eficiência energética e verificando se ela é igual, melhor ou pior que a de uma rede que utiliza a água”, explica Page.

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Interesse internacional

Essa fase de testes também é uma forma de ganhar a confiança dos empresários mostrando a eficiência e a segurança do projeto. O objetivo é convencê-los a adotar essa tecnologia patenteada, destaca Alberto Mian, diretor da ExerGo, a única empresa que pode comercializá-la. Com a urgência da transição energética sendo sentida em todos os países, Alberto Mian afirma que muitos contatos foram feitos. Dubai, por exemplo, já demonstrou interesse na nova tecnologia.

O desenvolvimento do modelo de teste é financiado pelo cantão do Valais e pela Confederação, bem como por parceiros da indústria local. “Este belo projeto está perfeitamente de acordo com a estratégia federal de energia”, destaca Philippe Müller, chefe da seção CleanTech do Escritório Federal de Energia (OFEN).

O Escritório Federal de Energia elogia particularmente o fato de que “todos os parceiros – tanto de pesquisa quanto da indústria – estão envolvidos na sua implementação”. De acordo com o OFEN, isso é um bom sinal para o futuro.

Além disso, se o projeto for bem-sucedido, Oiken, a distribuidora de eletricidade do Valais, já indicou que poderia implementá-lo num bairro de Sion, inicialmente, e depois em escala maior, complementando a rede de aquecimento à distância.

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Uma rede operacional em pouco tempo

Quanto à capacidade de instalar esse tipo de tecnologia, Page não está preocupado. Ele diz que seria possível ter uma rede operacional em dois ou três anos e conectar todas as redes até 2050.

Durante os últimos sete anos, o professor explicou o funcionamento da rede de CO2 para mais de 300 alunos e alunas. “Até 2025-2030, centenas de pessoas formadas saberão onde instalá-las e como operá-las.” Ele acrescenta que, sem essas pessoas, nunca estaremos prontos para cumprir a Estratégia Energética 2050.

Adaptação: Clarice Dominguez
(Edição: Fernando Hirschy)

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