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Desemprego continuará no futuro

Estrangeiros na Suíça continuarão a sofrer altas taxas de desemprego, segundo analistas do Credit Suisse. Keystone

Pesquisa realizada pelo Credit Suisse mostra que desemprego estrutural no país continuará elevado nos próximos anos. O grupo mais atingido é o dos estrangeiros com baixo nível educacional.

Um dos fatores que irão tornar a procura de emprego cada vez mais difícil é a entrada da mulher no mercado de trabalho.

Na Suíça aumenta o número de desempregados que não podem mais encontrar uma colocação no mercado de trabalho. O desemprego estrutural vai crescer ainda mais nos próximos anos.

Essas e outras conclusões foram tiradas por analistas do Credit Suisse, o segundo maior banco da Suíça, num estudo intitulado “Mercado de trabalho suíço: o fim do caso particular” e publicado ontem (5 de outubro), durante uma coletiva de imprensa realizada nas dependências da instituição.

“Há cada vez mais mão-de-obra à procura de emprego e, ao mesmo tempo, pessoas cujas qualificações profissionais não atendem mais às exigências do mercado”, resume Martin Neff, chefe-analista do Credit Suisse.

Não é mais possível exportar o desemprego

As análises do mercado de trabalho nesses últimos anos mostram que o grupo mais atingido é o de estrangeiros.

Em 1991, a taxa geral de desemprego na Suíça era de 1,8%. Na época a diferença entre suíços e estrangeiros não era muito grande: 1,6% dos suíços em idade ativa estavam desempregados e estrangeiros eram 2,6%.

Já em 2003, a taxa geral de desemprego foi de 4.1%. Porém a diferença entre os dois grupos aumentou drasticamente: 2,8% dos nacionais estavam sem ocupação e 8,7% eram estrangeiros. Isso significa para cada suíço desempregado existem três sem o passaporte vermelho.

“A questão mais delicada desse problema é que a Suíça não tem mais a válvula de escape do passado, quando a maior parte dos estrangeiros era de trabalhadores sazonais”, explica Neff. Se em 1973, apenas 30% dos estrangeiros tinha o visto de permanência no país, hoje em dia são mais de 60%. “Assim a Suíça não pode mais exportar o desemprego, quando seu mercado de trabalho passa por uma crise”.

Um exemplo ocorreu nos anos 70 no setor da construção civil: entre 1973 e 1975, as empresas cortaram 83.492 empregos, sendo que 79.913 eram de estrangeiros que tinham apenas um visto temporário de trabalho na Suíça.

Cada vez mais mulheres no mercado de trabalho

Segundo os analistas do Credit Suisse, uma das razões para o desemprego estrutural na Suíça é o aumento do número de mulheres no mercado de trabalho. Entre 1960 e 2000, 533 mil delas foram integradas enquanto que o número de homens aumentou em apenas 139 mil.

“Isso significa o aumento da concorrência e quem perde são os trabalhadores menos qualificados”, completa Neff. As estatísticas de desemprego mostram afinal que o grupo de pessoas com pouca ou nenhuma instrução sofrem duas vezes mais o desemprego do que aquelas com nível superior ou médio.

“As razões estão na globalização, no aumento da concorrência entre os países, nas mudanças estruturais vividas na economia e também no rápido progresso tecnológico”, lembra o analista-chefe do CS. “Hoje em dia, o ciclo de vida de uma tecnologia não passa dos dez anos. Por isso o trabalhador não pode mais parar de se reciclar”.

O Credit Suisse acredita que o desemprego será um problema comum nos próximos anos e de difícil solução. Apenas a tendência do trabalho a tempo parcial continuará em alta.

swissinfo, Alexander Thoele

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