
Claudia Sheinbaum celebra um ano na Presidência do México com multidão de apoiadores

Claudia Sheinbaum comemora, neste domingo (5), seu primeiro ano como presidente do México com um comício colorido de milhares de apoiadores satisfeitos com suas políticas sociais, cuja continuidade pode ser ameaçada pelo aperto financeiro.
A primeira mulher chefe de Estado do México completou o primeiro de seus seis no cargo em 1º de outubro, mas celebra neste domingo com uma multidão no Zócalo da Cidade do México, principal praça pública do país.
Milhares de pessoas se concentraram em um clima festivo, com bandas de música, shows de acrobatas e pontos de venda de suvenires e comida.
“Vim agradecer à presidente por todas as oportunidades que tivemos, tanto de trabalho quanto pessoais”, disse, sorridente, Ariadna Sánchez, arquiteta de 35 anos.
“As pessoas que não tinham acesso a certas coisas agora estão tendo”, acrescentou a mulher, que chegou com três horas de antecedência para participar do evento.
Sheinbaum tem aprovação de mais de 70%, segundo três pesquisas de opinião publicadas esta semana, que atribuem este forte apoio a seus programas de pensões, bolsas de estudo e outras ajudas.
Grupos organizados de sindicatos e outras entidades cobrem o Zócalo com bandeiras multicoloridas e balões com mensagens de apoio à presidente.
Rodrigo Guillén, trabalhador do setor hoteleiro do estado de Tabasco (sudeste), viajou por 20 horas com seus pais para participar da comemoração. Os três vestiam chapéus com folhas verdes, usados na tradicional Danza del Poncho, originária dessa região.
“Há mais consideração com os jovens (…), eles têm recebido apoio para continuar estudando e para que não fiquem parados em uma única coisa”, garante Guillén, de 30 anos.
Este ano, o investimento social beira os 54,3 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 290 bilhões, na cotação atual), cerca de 12% do orçamento do governo federal. Para 2026 está previsto um montante similar.
– Popularidade sem dinheiro? –
“É preciso cumprir as promessas feitas ao povo, isso é importante (…) a luta pelo bem-estar”, disse esta semana a presidente de esquerda, que também tem boas avaliações por sua gestão da relação com o volúvel mandatário americano, Donald Trump.
O magnata ameaça continuamente com altas tarifas e soluções de força contra os cartéis mexicanos do narcotráfico, mas Sheinbaum tem conseguido mantê-lo na linha.
Doutora em engenharia energética, Sheinbaum, de 63 anos, ainda vive uma lua-de-mel graças à queda da pobreza iniciada por seu antecessor e correligionário, Andrés Manuel López Obrador (2018-2024), segundo as pesquisas.
Pelo menos 8,3 milhões de pessoas saíram desta situação entre 2020 e 2024 neste país de 130 milhões de habitantes.
Mas as mesmas pesquisas, elaboradas pelos jornais El País e El Financiero, concluem que os pontos fracos da presidente são o combate ao crime organizado e a gestão econômica, crítica para os programas de bem-estar.
A segunda economia da América Latina, depois do Brasil, crescerá apenas 0,5% este ano e 1,4% em 2026, segundo estimativas privadas e do Banco do México (central).
As baixas taxas de crescimento são uma constante há anos mo país, dependente da relação comercial com os Estados Unidos.
O desempenho atual da economia mexicana é marcado, entre outros fatores, por “contas fiscais mais apertadas e um setor externo vulnerável”, disse à AFP Gerónimo Ugarte, economista-chefe da gestora da bolsa Valmex.
Por isso, muitos se perguntam se os programas sociais serão mantidos e se um eventual enfraquecimento afetará o ambicioso projeto liderado por Sheinbaum.
Por enquanto, o déficit fiscal se ampliou devido ao “aumento do gasto social e ao maior custo financeiro da dívida”, assinala Ugarte.
– Remessas em queda –
A estes desafios se soma a queda da receita obtida com as remessas, provenientes em sua maioria dos Estados Unidos, que representam um alívio para milhões de mexicanos.
Em agosto estas tiveram o quinto mês consecutivo de queda, em meio à agressiva política de deportações de Trump.
Estas receitas somaram, no ano passado, 64,74 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 400 bilhões, em valores de dezembro), o equivalente a 3,7% do PIB do país.
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