
Ex-corintiano é campeão suíço

O jogador brasileiro e campeão suíço Kléber Correa de Carvalho comemorou o título em Basiléia sábado e no dia seguinte viajou para o Brasil.
Há um ano no futebol suíço, o lateral esquerdo joga no clube mais rico do país atualmente e diz que está gostando.
Ele tem apenas 15 dias de férias para rever os amigos e a família, mas duas coisas já estavam marcadas: um churrasco com os colegas e uma feijoada feita por sua mãe. “Como todo brasileiro sinto falta dessas coisas”, diz.
Kléber mora na Europa há dois anos e gosta. Depois de ter passado 13 anos no Corinthians ele foi para o Hannover, Alemanha. Há um ano está no FCB, time campeão suíço que mais torcida tem levado aos estádios – no último jogo do campeonato nacional, contra o Neuchâtel Xamax, foram vendidos 33 mil ingressos.
A discreção dos suíços
“Aqui tenho tempo para ficar com minha família e muita privacidade”, diz. Ele é casado e tem uma filha de dois anos, mas o fato de ser famoso não o impede de jantar fora ou mesmo ir às compras.
“Quando o time perde, por exemplo, os torcedores respeitam e nunca fui agredido”, conta. Até para pedir autógrafos os suíços são bem-comportados. “Nem sempre me interrompem quando estou fora da rotina do campo. Eles sabem quando sou o jogador e quando sou uma pessoa comum”.
Outra diferença nos gramados europeus é o relacionamento com os colegas. Embora não tenha revelado em que idioma costuma xingar, Kléber lembra que na equipe não há discussões entre os atletas.
Só o técnico manda
“No Brasil é comum um ou dois jogadores ter a função de coordenar a equipe na partida. Aqui as orientações vêm apenas do treinador e isso melhora o clima no campo. Eu nunca tive problemas com meus colegas lá, mas sei que às vezes isso ocorre em equipes brasileiras”, diz.
Kléber é caseiro e parece ser daquelas pessoas que se dá bem com tudo e com todos. Até as dificuldades com o idioma alemão o atleta brasileiro tem driblado com a mesma categoria e classe demonstradas nos jogos.
Kléber fala muito pouco o idioma e nem sempre compreende o suíço alemão, mas tem recebido as orientações do treinador Christian Gross em italiano. Com os colegas, a comunicação tem de ser em várias línguas. “Com alguns em espanhol, em italiano e até em inglês”, conta. “Mas não tenho tido problemas”, diz.
Pulseira contra o racismo
Fora do campo, o FCB também ajuda. Ele lembra que no inverno foi vítima de uma armadilha que pega muitos expatriados que vêm dos trópicos: não conseguiu controlar o carro por causa do gelo que se forma no asfalto nos dias mais frios e bateu em outro carro.
“Foi uma batida leve porque estava indo devagar, mas o motorista começou a falar comigo e não entendia nada”, lembra-se. Saiu pelo escanteio: pediu que a pessoa entrasse em contato com a assessoria do clube para que pudessem resolver o problema – em suíço. “No fim deu tudo certo”, conta.
No pulso direito, Kléber tem as modernas pulseiras preta e branca contra o racismo. “Para o mundo isso é muito ruim. Nunca sofri nenhum preconceito. Se um dia fosse agredido por uma pessoa não reagiria com violência, mas buscaria meus direitos para punir quem me causasse essa dor”, diz.
Aos 25 anos, o lateral esquerdo admite que tem um sonho profissional: jogar na seleção brasileira. “Poder disputar uma Copa pelo Brasil é o meu sonho e tenho trabalhado para isso”, fala.
Kléber treina todos os dias e normalmente tem as tardes livres, quando ele divide seu tempo entre a família, alguns afazeres domésticos e outra paixão bem brasileira: o cavaquinho.
Lourdes Sola, Basiléia.
Kléber Correa de Carvalho tem 25 anos e disputou sua primeira temporada pelo FC Basel.
Anteriormente esteve no futebol alemão (Hannover) depois de ter passado 13 anos no Corinthians.
O FC Basel é atualmente o Clube com maior orçamento e maior público na Suíça.

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