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Bilhões de francos de oligarcas russos congelados em bancos suíços

Vladimir Putin y Viktor Vekselberg
Oligarcas russos como Viktor Vekselberg (dir.) tem forte relação com o presidente russo Vladimir Putin. Keystone / Alexei Druzhinin

Os bancos e oligarcas russos estão enfrentando as conseqüências das sanções impostas por Berna. As autoridades suíças congelaram bilhões de ativos em cofres bancários suíços.

Segundo dados do Banco Nacional Suíço (BNS), o valor dos ativos russos na Suíça é de 10 bilhões de francos (US$ 11 bilhões de dólares). Mas o jornal NZZ acredita que o valor real poderia chegar a 150 bilhões de francos ao se incluir bens de cinco oligarcas visados pelas sanções aplicadas pelo governo helvético.

A Suíça finalmente cedeu à pressão nacional e internacional e – em consonância com a União Europeia (UE) – concordou em congelar os ativos russos sancionados. Do seu lado, a Rússia impôs controles de capital e restringe a quantidade de dinheiro que pode deixar o país.

Alguns jornais especularam que as sanções levaram cidadãos russos a tentar retirar fundos ou colocá-los em nomes de membros da família. Os bancos – citando a confidencialidade do cliente – se recusam a comentar as especulações.

Os oligarcas russos são extremamente ricos e são auxiliados por consultores financeiros, mas que nem sempre são capazes de protegê-los das conseqüências das sanções. A investigação jornalística “Panamá Papers” ocorrida em 2016 expôs uma rede de advogados, consultores e bancos offshore que lançaram uma cortina de fumaça sobre o rastro dos fundos e obscureceram a verdadeira propriedade dos ativos.

Apesar de negar sua influência no Kremlin, o empresário russo Viktor Vekselberg teve que reduzir ou cortar seus laços com empresas suíças após ter sido colocado em uma lista de sanções dos EUA em 2018.

Post Finance, o braço financeiro dos Correios Suíços (Post), bloqueou na époc sua conta bancária pessoal. Vekselberg protestou, argumentando que o banco estava obrigado por lei a fornecer serviços básicos a todos os residentes na Suíça. E só em fevereiro de 2022, o Tribunal Federal da Suíça decidiu que o bloqueio das contas do empresário suíço não estava de acordo com as leis vigentes. 

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Danos à reputação

Os bancos já sabem lidar com cenários de sanções globais, mas às vezes se enganam. Em 2014, o francês BNP Paribas foi multado em US$ 9 bilhões, enquanto em 2019 o Standard Chartered foi forçado a retirar US$ 1,1 bilhão por violar as medidas impostas pelos EUA. Em 2009, o Credit Suisse foi multadi en US$ 536 milhões por não ter burlado as ordens vigentes.

Na situação atual nenhum banco quer arriscar sua reputação ao ser criticado por estar apoiando indiretamente a invasão da Ucrânia pelas tropas russas. Apesar da Suíça impor apenas o congelamento de contas, é provável que os bancos helvéticos já estivessem observando as sanções da UE e dos EUA aplicadas dias antes.

“Os bancos teriam fechado suas portas desde a introdução das sanções dos EUA”, declarou Peter V. Kunz, diretor do Instituto de Direito Comercial da Universidade de Berna, ao canal SRF. “Nenhum banco suíço quer ser pego na mira das autoridades americanas”.

A introdução de sanções pode implicar a dissolução de negócios ou empréstimos que um banco tenha organizado em nome de um cliente sancionado. Mesmo antes da última rodada de sanções, o Credit Suisse havia alegadamente descartado o risco de os oligarcas faltarem aos empréstimos emitidos para comprar iates, jatos e bens imobiliários. O jornal Financial Times viu documentos que relatam inadimplências causadas por “sanções dos EUA contra oligarcas russas”.

Logo após a publicação do artigo, o banco supostamente pediu aos fundos de hedge e outros investidores que destruíssem documentos relacionados a empréstimos para iates oligarcas. Mais tarde o Credit Suisse  comunicou à imprensa que o pedido de destruição de documentos não estava ligado a sanções contra a Rússia. 

Adaptação: Alexander Thoele

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