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Roche corta 4.800 postos de trabalho

A Roche quer emagrecer nos próximos dois anos Ex-press

Um dos gigantes farmacêuticos da Suíça, a empresa Roche, reduziu de seis por cento a sua força de trabalho em resposta aos recentes contratempos com remédios e a austeridade global na área da saúde.

A multinacional sediada na Basileia pretende economizar 2.4 bilhões de dólares por ano, reduzindo sua força de trabalho de 4.800 vagas e terceirizando outros 700 postos. A cotação das ações subiu com a notícia, mas os analistas divergem.

O “Programa de Excelência Operacional”, revelado na quarta-feira não foi nenhuma grande surpresa, já que a Roche havia dado sinais fortes da necessidade de reduzir custos. Os detalhes dos cortes de empregos, que deverão ocorrer durante os próximos dois anos, foram recebidos com entusiasmo em alguns setores.

“Os cortes são bastante profundos e o mercado deve estar satisfeito pela empresa ter se olhado no espelho e ter feito o que era necessário para manter sua forma”, declarou Carri Duncan, analista do Macquarie Group, com sede em Zurique.

O Banco Sarasin disse em uma nota que os cortes haviam excedido as suas expectativas de poupança anual, na faixa de 1-2 bilhões. Sarasin acrescentou que “a medida parece deixar a capacidade inovativa da empresa praticamente intocada”.

Resultados ambíguos

Roche, uma das maiores empresas farmacêuticas do mundo e líder no tratamento contra o câncer, vem sendo criticada pela falta de rigor em seus testes de medicamentos, o que tem levado à perda de confiança em alguns de seus produtos.

A proibição da venda nos Estados Unidos do medicamento Avastin, usado para o tratamento do câncer de mama, evidenciou ainda mais as críticas contra a empresa. Em setembro, Roche suspendeu os testes de fase III do taspoglutide, seu remédio contra o diabetes, e também um outro relativo ao medicamento contra artrite reumatóide.

No ano passado, a empresa adquiriu o laboratório americano Genentech por 47 bilhões de dólares, esperando tirar vantagem do enorme sucesso da empresa de biotecnologia especializada em pesquisa e desenvolvimento e que produz uma série de medicamentos lucrativos.

Recentemente alguns observadores começaram a questionar o orçamento gasto pelo setor de pesquisa e desenvolvimento da Roche em relação aos lucros obtidos.

Birgit Kulhoff, analista do banco Rahn & Bodmer, disse que ficou “impressionada” com a dimensão global do resultado da reestruturação da Roche, que segundo as expectativas deve gerar uma economia de até 4 bilhões de dólares por ano.

Cortes gerais

A maioria dos cortes de empregos será na área de vendas e marketing, especialmente com produtos que tiveram problemas. Mas para a analista do banco Rahn & Bodmer, a expectativa era que fossem feitos com a Genentech, como havia sido feito anteriormente em outras empresas do grupo Roche.

“O que tem sido produzido recentemente pelo laboratório Genentech não corresponde à quantidade de dinheiro investido”, disse Kulhoff à swissinfo.ch. “Parece que eles escaparam completamente à reestruturação”.

Roche também vem sofrendo – como toda indústria farmacêutica, de biotecnologia e tecnologia médica – das economias propostas pela reforma da saúde em todo o mundo.

“Temos visto uma série de reduções de preços em toda a Europa e nos EUA. As autoridades da área de Saúde não querem comprar medicamentos caros, ou então exigem descontos enormes das empresas farmacêuticas”, disse Kulhoff.

Vários outros líderes mundiais farmacêuticos já foram forçados a cortar postos de trabalho para reduzir custos e proteger os lucros. A rival da Roche, Novartis, também sediada na Basileia, cortou 2.500 vagas (2,5% de sua força de trabalho) em 2007.

O maior fabricante mundial de medicamentos, a Pfizer, disse que vai cortar 19.000 empregos, enquanto que a Merck tem planos de reduzir sua força de trabalho em 15%, suprimindo 15.000 postos, mais a extinção de 2.500 vagas em 2012.

Fundada em 1896, a Roche é líder mundial em tratamentos contra o câncer, diagnósticos e tratamentos do diabetes.

Desde a conclusão da aquisição da Genentech no ano passado, a Roche tem se tornado uma das maiores empresas de biotecnologia.

A multinacional também produz o Tamiflu, droga anti-viral que foi amplamente estocada pelos governos durante as epidemias de gripe aviaria e suína.

O grupo obteve um crescimento de 8% das vendas no ano passado que alcançaram 49 bilhões, com um lucro líquido de 8.5 bilhões de dólares. Os lucros foram afetados devido a críticas pontuais relacionadas com a conclusão da aquisição da Genentech.

No primeiro semestre deste ano, as vendas cresceram 3% em relação ao mesmo período de 2009, chegando a 24.6 bilhões de dólares. Os lucros subiram 37%, representando 5.6 bilhões de dólares.

Listada como “blue chip” do “Swiss Market Index”, cerca de metade das ações do grupo ainda está nas mãos das famílias fundadoras da empresa, os Hoffmann e Oeri. A rival farmacêutica Novartis também detém uma participação de 33% da Roche.

(Adaptação: Fernando Hirschy)

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