Empresa suíça compra rede Duty Free do Brasil

O grupo Dufry, de Basiléia, pagou 500 milhões de dólares para controlar a Brasif, que tem praticamente o monopólio das lojas de "Duty Free" no Brasil.
A transação inclui ainda a parte logística da empresa brasileira – a Eurotrade – de importação e exportação.
“Vamos longe para ficar mais perto de você”. A Dufry suíça acaba de colocar seu slogan em prática, concluindo um negócio muito rentável no Brasil.
Os acionistas norte-americanos do grupo suíço acabam de adquirir a Brasif, que detém quase todas as lojas de “duty free” nos aeroportos brasileiros.
Consumidores interessados
No total, são 51 lojas em 20 aeroportos brasileiros, duas em Miami e uma no centro comercial Daslu, templo do luxo em São Paulo.
Como os turistas brasileiros são grandes consumidores de produtos de marca importados, geralmente não hesitam em entrar nessas lojas isentas de tarifas para as compras de férias ou uma encomenda de amigos.
Produtos de marca
Na lojas brasileiras encontramos grifes como Gap, Banana Republic e Victoria Secret. Dufry quer acrescentar ao catálogo as marcas com as quais tem contrato como Bulgari, Hermès e Mont-Blanc.
O principal acionista da Brasif, Jonas Barcellos, decidiu vender para investir no agronegócio. Foi uma oportunidade de ouro para a Dufry continuar sua internacionalização e que adquire, ao mesmo tempo, a Eurotrade, empresa de logística que funciona bem.
¨Na Bolsa suíça
Fundada em 1865 com o nome de Weitnauer, a empresa suíça começou a trabalhar como atacadista de produtos isentos de tarifas depois da Segunda Guerra Mundial.
Quatro anos depois ela abria sua primeira loja no aeroporto do Bourget, na França.
Em 2003, Weitnauer mudou de nome para Dufry e posteriormente passou a ser controlada pelo fundo de pensão Advent International, nos Estados Unidos. Dufry passou então a ser cotada na Bolsa suíça.
Além do México, Nicarágua e vários países do Caribe, Duty tinha ainda uma presença discreta na América Latina.
Polêmica e ‘no comment’
Apesar de espetacular, essa aquisição não deixa de ser polêmica. Os analistas em fusões e aquisições acham que atitude muito ofensiva da Dufry parece aventureira.
Ao invés de esperar para conhecer melhor as especificidades do mercado e os gostos da clientela, afirmam esses especialistas, o presidente do grupo suíço, Juan Carlos Torres, já anunciou publicamente a substituição da marca Brasif pela Dufry.
Juan Carlos Torres também quer adotar o mesmo padrão dos “free shops” que o grupo detém em cerca de trinta países para as lojas brasileiras que deverão, portanto, ser reformadas e, se possível, ampliadas.
Contatada por swissinfo, a porta-voz da Dufry, Lubna Haj-Issa, não quis fazer qualquer comentário.
A imprensa comenta
Na imprensa brasileira não faltam comentários. O conhecido Luis Nassif afirma que a operação é arriscada.
De fato, Brasif negociara com o governo brasileiro um prazo de décadas para vender produtos isentos de tarifas nos aeroportos mas não se sabe se Dufry terá os mesmos privilégios por muito tempo.
Em sua coluna na Folha de São Paulo, Nassif escreve inclusive que “em mãos menos influentes do que as da Brasif, a concessão sem tarifas terá uma vida curta”.
swissinfo,Thierry Ogier à São Paulo
– Fundada no século XIX com o nome de Weitnauer, a empresa especializou-se em produtos isentos de tarifas a partir de 1948.
– Foi rebatizada Dufry três anos atrás.
– Investidores norte-americanos adquiriram 75% do grupo em 2004 e os restantes 25% no ano passado.
– Atualmente, o grupo tem 300 lojas “duty free” em 33 países e 4 mil empregados.
A sede fica em Basiléia:
Faturamenteo em 2005: 949 milhões de francos suíços (+12% frente a 2004)
260 milhões de clientes por ano nos aeorportos, estações, etc.
Projetos em andamento: lojas nos aeroportos de Argel e Belgrado.

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