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O vinho suíço melhora com a concorrência

O Cantão do Valais (Vetroz) é o maior produtor suíço de vinhos. Keystone

O vinho suíço é considerado de bom nível por especialistas e poderia rivalizar, por exemplo, com os bons borgonhas.

Estimam, porém, que a produção deveria situar-se melhor num mercado em que a concorrência é rude.

No Salão Arvinis, realizado na cidade suíça de Morges de 21 a 26 de abril, não podia faltar a presença de todos os produtores importantes da Suíça, em particular dos estados de Neuchâtel, Vaud e do Valais, de grande áreas vinícolas.

Durante décadas ou mesmo séculos, os produtores suíços não precisavam preocupar-se, porque toda a produção era facilmente escoada no mercado interno.

Concorrência

Com a abertura das fronteiras, resultante da crescente globalização, esse mercado ficou um tanto abalado, assustando os viticultores suíços que já não podiam contar com a comodidade do protecionismo.

Parece no entanto, ter valido o susto. Samuel Wuillemin, comerciante de vinhos em Lausanne – que trabalha principalmente com vinhos do sul da França, mas está a par da situação – estima que nos últimos anos os viticultores suíços “fizeram progressos, atingindo níveis corretos, depois de compreenderem o perigo de produzir demais”.

Falando, porém, do vinho tinto, emite logo uma crítica: “Eles chegam muito rápido ao mercado. Deviam permanecer mais um ano na cave”.

Resta que “concorrência” é termo recorrente no mercado de vinho em plena reestruturação, em particular na Suíça.

Gilles Besse, produtor do estado do Valais, vê na defesa do tradicional know-how europeu um trunfo incomparável.

A noção de “terroir”

“Com a globalização, emergiram vinhos do hemisfério sul, “produzidos com outra mentalidade que os vinhos na Europa”, diz Besse. Na velha Europa, segundo ele, existe a idéia de “terroir” (forte ligação à parcela de produção). Nos países do Sul, segundo ele, isto conta muito pouco ou nada.

Admite, porém, que embora “as características de origem signifiquem pouco ou estejam mais ligadas às castas utilizadas”, esses vinhos de fora podem até ter excelente qualidade.

Para Besse, o consumo do vinho vai aumentar, principalmente na Ásia. No entanto, como conseqüência “do vinho de massa”, haverá sempre um nicho para o “vinho de terroir”.

Só através da ligação com a terra o produto pode sobreviver, diz ele. Caso contrário, a vinicultura não passaria, por exemplo, de uma indústria semelhante a da cerveja: “Nenhuma Heineken se compara a uma cerveja de adega”, que considera melhor. .

A sobrevivência passaria então pela defesa de uma tradição, de características próprias e pela busca de um nicho num mercado em que a concorrência é brava.

swissinfo, J.Gabriel Barbosa.

Acontecimento histórico : em 2003, pela primeira vez , os viticultores suíços produziram mais vinho tinto que vinho branco.

A produção de tinto chegou a 48.6 milhões de litros (11% a menos que o consumo médio de vinhos suíços ) e 48.4 milhões de branco. A informação é da Secretaria Federal da Agricultura.

O vinho branco mais corrente na Suíça é o produzido a partir da casta “chasselas”, exclusiva do país.

Outro branco muito conhecido é o “Fendant” por estar muito ligado à “raclette” ou à “fondue”.

Note-se que fama, no caso, não é necessariamente sinônimo de qualidade.

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