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Imigração é cada vez mais qualificada

Aumenta a qualificação dos estrangeiros, principalmente no setor de serviços. Keystone

Mais da metade dos estrangeiros que entraram no mercado de trabalho suíço nos últimos dois anos têm formação universitária ou equivalente.

No segundo trimestre de 2003, 800 mil estrangeiros – a maioria originária da União Européia – trabalhavam na Suíça.

Na Suíça, a imagem do trabalhador imigrante está mudando. O clichê segundo o qual as pessoas que vêm do Sul são pouco qualificadas está se tornando falso, como testemunham os dados da enquete suíça sobre a população ativa (ESPA) feita da Divisão Federal de Estatísticas (OFS).

“Os pontos mais salientes desse estudo indicam, nos últimos dois anos, um aumento da imigração de pessoas altamente qualificadas, provinientes sobretudo do Norte e do Oeste da União Européia e uma forte teceirização dos ativos estrangeiros”, resume Enrico Moresi, da OFS.

Recuo da população estrangeira ativa

No segundo trimestre do ano passado, 809 mil pessoas de nacionalidade estrangeira travalhavam na Suíça (sem contar os fronteiriços, os que têm autoriazação temporária e os requerentes de asilo). Ou seja, uma em cada cinco pessoas econômicamente ativas é estrangeira (20,5%).

Em comparação ano anterior, o número de ativos de origem estrangeira diminuiu de 2,5% (21 mil pessoas), enquanto os ativos de nacionalidade suíça aumentaram de 0,4% (12 mil pessoas). Esses dados consideram a população residente permanente acima de 15 anos de idade.

Uma imigração diferente

Mas a principal surpresa desse estudo é ter constatado que mais da metade (57,6%) dos adultos que vieram trabalhar na Suíça nos últimos dois anos concluiram a universidade ou outra formação equivalente.

Essa proporção é muito maior do que a dos estrangeiros que trabalham na Suíça há mais tempo (35,9% nos últimos 5 a 10 anos, 18,6% há mais de 10 anos).

Isso significa que está faltando gente qualificada na Suíça? “Constatamos realmente que sim. Nos últimos dois anos, o recrutamento desse pessoal foi importante” afirma Kurt Rohner, da Secretaria Federal de Imigração, Integração e Emigração.

Esse recrutamento está sendo feito pelas empresas estrangeiras na Suíça mas também pelas empresas suíças. O estudo não determinou a proporção de contratações por uma e outra.

Principalmente no terciário

O setor terciário e o secundário são os que mais absorvem a mão-de-obra estrangeira qualificada. Mais de um quarto dos estrangeiros contratados nos últimos dois anos (26,4) trabalham nas áreas de saúde, edução, cultura e ciência.

Outra parte importante (17,4%) estão na administração de empresas, bancos, seguros ou advocacia.

Em compensação, eles estão pouco representados nas fábricas, construção civil, hotelaria e restauração, como é o caso da imigração mais antiga.

Mesmo assim, a proporção de estrangeiros trabalhando nesses setores continua alta, com 31% de estrangeiros e 20% de suíços. O maior número de trabalhadores estrangeiros continua sendo em hotéis e restaurantes (40%).

Sucesso econômico

Para Rainer Winkelmann, professor no Institituto de Economia Social da Universidade de Zurique, a alta da imigração qualificada é um sinal de “sucesso da economia suíça, pois a concorrência por essa mão-de-obra aumentou com a globalização.

“A Suíça concorre com todos os países industrializados europeus mas também com Estados Unidos, Canadá e Nova Zelândia. Todos buscam gente qualificada”, afirma.

Winkelmann explica o fenômeno por um “ambiente de criação produtiva”, boas condições profissionais e boa qualidade de vida.

Kurt Rohner, da OFS, insiste que esse processo pode se auto-alimentar. “Essa evolução é imporante para a imagem da Suíça que, assim, poderá atrair novas empresas para se instalarem aqui”.

Ele afirma ainda que a produtividade só pode melhorar com o aumento da mão-de-obra especializada, incentivando também o consumo interno porque ganham melhores salários, conclui Rohner.

swissinfo com agências

Na Suíça, uma em cada cinco pessoas ativas é de origem estrangeira.
174 mil italianos, 85 mil portugueses, 79 mil alemães trabalham na Suíça.
167 mil pessoas economicamente ativas provêm dos balcãs.
57% dos trabalhadores de origem estrangeira têm diploma universitário.

– A entrada em vigor dos acordos bilaterais I (junho de 2002) mudou certos critérios no Registro central dos estrangeiros (RCE) principalmente sobre a atividade profissional.

– Para melhor avaliar a livre circulação das pessos no mercado de trabalho, uma enquete com 15 mil pessoas escolhidas ao acaso, completou o estudo tradicionl ESPA.

– Em 2003, essas entrevistas foram feitas, pela primeira vez, em inglês, servo-croata e albanês.

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