
Irã ataca base dos EUA no Catar após bombardeios contra instalações nucleares

O Irã anunciou, nesta segunda-feira (23), ter lançado mísseis contra a base americana de Al Udeid, no Catar, a maior dos Estados Unidos no Oriente Médio, em resposta a bombardeios contra instalações nucleares iranianas. Doha informou que interceptou os projéteis.
Trump classificou a resposta como “muito fraca”. “Quero agradecer ao Irã por avisar antecipadamente, o que permitiu que não houvesse perdas de vidas nem que ninguém fosse ferido”, acrescentou em uma mensagem publicada em sua plataforma, Truth Social.
O Catar especificou que a base havia sido evacuada e afirmou que interceptou os projéteis lançados contra a base militar, a maior que os americanos têm no Oriente Médio.
“Em resposta à ação agressiva e insolente dos Estados Unidos contra os sítios e instalações nucleares do Irã, as forças armadas poderosas da República Islâmica atacaram a base aérea americana de Al Udeid”, informou o Conselho de Segurança Nacional iraniano.
Teerã afirmou ter lançado seis mísseis contra a base americana, o mesmo número de bombas que os Estados Unidos usaram ao atacar as instalações nucleares do Irã.
Nos ataques de sábado à noite, os Estados Unidos atingiram uma usina subterrânea de enriquecimento de urânio em Fordo e instalações nucleares em Isfahan e Natanz, no centro do país.
Segundo o Pentágono, esses bombardeios “devastaram o programa nuclear iraniano”. No entanto, a extensão dos danos ainda é impossível de avaliar, indicou o diretor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Rafael Grossi.
“Talvez o Irã possa agora avançar em direção à paz e à harmonia na região, e com entusiasmo incentivarei Israel a fazer o mesmo”, comentou também o presidente dos Estados Unidos.
Mas o chanceler iraniano, Abbas Araqchi, declarou que o Irã está “preparado para responder novamente” a qualquer ataque americano, indicou o Ministério das Relações Exteriores.
O conflito entre Israel e Irã, desencadeado em 13 de junho por um ataque israelense sem precedentes contra seu grande rival regional, entrou nesta segunda-feira em seu décimo primeiro dia.
O porta-voz do exército israelense, Effie Defrin, afirmou que os disparos do Irã no Catar provam que Teerã representa uma ameaça para “todo o mundo”.
Por sua vez, o secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou o ataque contra a base militar americana e reiterou às partes que “ponham fim aos confrontos”.
– Bombardeios em Teerã –
O exército de Israel pediu que os moradores de Teerã se mantivessem afastados de bases militares, e advertiu que continuará com seus bombardeios.
Por sua vez, na noite de segunda-feira, o Irã pediu aos residentes de Ramat Gan, próximo a Tel Aviv, que abandonem a área.
Os ataques israelenses atingiram centros de comando da Guarda Revolucionária, exército ideológico do Irã, e a prisão de Evin, onde houve danos, segundo o Poder Judiciário. O local abriga presos políticos, opositores e alguns detidos ocidentais.
Israel também informou ter feito bombardeios para “bloquear as vias de acesso” à instalação de Fordo, ao sul de Teerã.
Desde o último dia 13, Israel atacou centenas de bases militares e instalações nucleares, e matou altos funcionários e cientistas. A guerra já deixou mais de 400 mortos e 3.000 feridos no Irã, a maioria deles civis, segundo um balanço oficial. Já o ataque iraniano contra Israel matou 24 pessoas, segundo autoridades israelenses.
O Irã nega querer fabricar armas atômicas, mas defende seu direito de desenvolver um programa nuclear civil. Israel, que nunca disse abertamente se tem armas nucleares, possui 90 ogivas, segundo o Instituto Internacional de Investigação para a Paz de Estocolmo.
Segundo a AIEA, o Irã enriquece urânio a 60%, e para fabricar uma bomba atômica é necessário enriquecê-lo a 90%. Ainda assim, a agência da ONU afirma que não detectou a existência de um “programa sistemático” para produzir uma arma nuclear.
Alguns especialistas acreditam que o material nuclear foi transferido para outro lugar antes do ataque, e Teerã afirma que ainda possui reservas de urânio enriquecido.
– “Mudança de regime”? –
Desde o começo da guerra, o Irã tem respondido com o lançamento de mísseis e drones contra Israel, e pode retaliar fechando o Estreito de Ormuz, por onde passam 20% da produção mundial de petróleo. A Casa Branca afirmou nesta segunda-feira que os Estados Unidos “monitoram ativamente a situação” nessa zona.
Trump, que havia retomado negociações com o Irã para conter o programa nuclear daquele país, “ainda está interessado” em encontrar uma solução diplomática, afirmou hoje a porta-voz da Casa Branca. Mas, “se o regime iraniano se nega a encontrar uma solução pacífica (…) por que o povo iraniano não deveria tirar o poder desse regime incrivelmente violento que o reprime há décadas?”, questionou.
Por outro lado, uma funcionária americana afirmou que os países latino-americanos devem se posicionar à respeito do conflito em relação ao Irã e decidir “se vão apoiar um regime que é um patrocinador estatal do terrorismo ou que postura vão tomar”.
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