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Lai assume a presidência de Taiwan e pede o fim da ‘intimidação’ chinesa

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O até agora vice-presidente de Taiwan, Lai Ching-te, assumiu nesta segunda-feira (20) o governo da ilha autônoma e democrática, com um pedido para que a China interrompa a “intimidação” política e militar ao território, que tem a soberania reivindicada por Pequim.

Vencedor das eleições presidenciais de janeiro, o novo presidente, de 64 anos, é considerado pela China como um “separatista perigoso” que levará “guerra e declínio” ao território.

Pouco depois da cerimônia de posse em Taipé, o governo chinês fez um alerta contra o esforços independentistas de Taiwan. 

“A independência de Taiwan é um beco sem saída”, declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Wang Wenbin. “Não importa sob qual aparência ou bandeira, a busca da independência e secessão de Taiwan está condenada ao fracasso”, destacou.

“O fato é que existe uma só China”, completou.

– Preservar a soberania –

As relações entre Pequim e Taipé sofreram uma deterioração considerável durante os oito anos de mandato da agora ex-presidente Tsai Ing-wen, que, assim como o sucessor, é uma defensora ferrenha do modelo democrático da ilha.

Lai, que há alguns anos se definiu como “um trabalhador pragmático pela independência de Taiwan”, suavizou sua retórica e agora defende a manutenção do ‘status quo’, ou seja, preservar da soberania do território sem declarar formalmente a independência.

No discurso de posse, no Palácio Presidencial de Taipé, Lai fez um apelo para que a China a “acabe com a intimidação política e militar contra Taiwan” e mantenha “a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan e na região”.

O novo presidente afirmou que “chegou uma época gloriosa para a democracia de Taiwan” e agradeceu aos cidadãos que “rejeitam a influência das forças externas e defendem a democracia com firmeza”.

Oito chefes de Estado compareceram à cerimônia, incluindo o presidente paraguaio Santiago Peña, além de 51 delegações internacionais para demonstrar apoio à democracia da ilha.

– Mais gastos de defesa – 

Com apenas 12 aliados oficiais, Taipé não tem reconhecimento diplomático a nível internacional. Mas a maioria dos seus 23 milhões de habitantes considera ter uma identidade taiwanesa diferente da chinesa.

Lai deve aumentar os gastos de defesa e reforçar as relações não oficiais com os governos democráticos, em particular Estados Unidos, um importante aliado e fornecedor de armas a Taipé.

O chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, felicitou o novo presidente e elogiou o povo taiwanês por “demonstrar a força de seu sistema democrático robusto e resiliente”.

A Rússia acusou o governo dos Estados Unidos e seus aliados por um aumento das tensões em Taiwan e de “obstrução da unificação pacífica da China”. 

“As forças separatistas da ilha, apoiadas pelos países ocidentais liderados pelos Estados Unidos, estão criando circunstâncias destinadas a semear a discórdia entre as duas margens do Estreito de Taiwan”, afirmou a diplomacia russa num comunicado.

– Sanções chinesas a empresas americanas –

Pequim nunca descartou recorrer à força para tomar o controle de Taiwan, especialmente se a ilha declarar independência. O presidente chinês, Xi Jinping, afirmou em diversas ocasiões que a “unificação é inevitável”.

Antes da posse de Lai, o Escritório de Assuntos Taiwaneses do governo chinês afirmou que “a independência de Taiwan e a paz no Estreito são como água e fogo”.

E coincidindo com a cerimônia de posse, a imprensa estatal chinesa anunciou sanções contra três empresas de americanas do setor de defesa que vendem armas a Taiwan. Entre outras medidas, os grupos afetados não poderão efetuar atividades de importação ou exportação com a China nem fazer novos investimentos no país. 

No Estreito de 180 km que separa Taiwan do continente, a presença de aviões e navios militares chineses é quase diária e aumentou nos dias que antecederam a cerimônia.

Lai fez concessões para retomar as comunicações de alto nível, que Pequim restringiu em 2016, quando Tsai chegou ao poder, mas os analistas consideram pouco provável que ele tenha sucesso.

O partido de Lai (DPP) tem minoria no Parlamento, onde uma briga entre membros das três legendas com representação foi registrada na sexta-feira.

O cenário pode impedir ou atrasar a aprovação de políticas sobre questões que preocupam muitos mais os taiwaneses do que o conflito, como o aumento do custo de vida e a estagnação dos salários.

bur-dhc/amj/dhw/dbh-acc/zm/fp/yr

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