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Maioria dos suíços defende renúncia do Papa

La venue de Jean-Paul II en Suisse soulève des questions. Keystone Archive

Segundo uma pesquisa de opinião, cujos resultados foram publicados na semana passada pela revista “L’Hebdo”, 74,2% dos suíços defendem a renúncia do Papa João Paulo II. Razões: sua idade e seu estado de saúde.

Posição é defendida por quarenta personalidades religiosas da Suíça, em protesto publicado uma semana antes da vindo do Papa.

A vinda do Papa ao país dos Alpes movimenta os corações. Enquanto são dados os últimos retoques no altar ao ar livre em Berna, a mídia helvética transforma-se no palco de polêmicas religiosas.

Na semana passada, a revista semanal em francês “L’Hebdo” publicou os resultados de uma pesquisa realizada pelo Instituto Link, para descobrir o que os suíços pensam do Papa João Paulo II. O povo divide-se entre críticos e defensores.

Para 34,6% dos entrevistados, o chefe supremo da Igreja católica é “um irresponsável face ao desenvolvimento da AIDS” e 18,7%, que “o ecumenismo está sendo mal conduzido na sua gestão”.

Porém 24,2% acreditam que João Paulo II “reforçou a Igreja” e 8,5%, que “ele contribuiu para a queda da Cortina de Ferro”.

Demissão do Papa

O resultado mais marcante da pesquisa está relacionado à própria pessoa do Papa: 74,2% das 1.025 pessoas entrevistadas afirmam que João Paulo II deveria abdicar do seu posto. Dos 412 católicos desse grupo, 74,9% defendem essa posição.

“Esses resultados não me surpreendem”, analisa Albert Longchamp, diretor da revista cultural jesuíta suíça “Choisir”. “A questão agora é compreender se os suíços têm piedade em relação a uma pessoa que está doente e sofre, ou se trata de uma crítica a um Papa que perdeu o controle da Igreja Católica”.

A opinião avaliada na pesquisa segue a mesma linha de um apelo recentemente lançado por 40 personalidades do Bispado da Basiléia e do clero suíço. Na carta, publicada em 16 de maio, os assinantes solicitam ao Papa, 84 anos de idade, que ele se aposente e respeite à idade canônica de 75 anos.

“O direito canônico permite efetivamente a um Papa de renunciar ao seu cargo”, explica Longchamp. Essa possibilidade foi aplicada uma vez no século XIII. E foi o Papa Paulo VI que propôs a abdicação do chefe da Igreja Católica a partir dos 75 anos.

Apesar de chamar a atenção do público para o problema, o protesto não recebe o apoio geral. Monsenhor Amédée Grab, presidente da Conferência de Bispos da Suíça, julga essa questão improcedente: – “Esse não é nem o bom momento, nem a forma adequada de resolver essa questão, pois João Paulo II já ultrapassou há muito tempo a marca dos 75 anos”.

Um Papa contestado

A longevidade de João Paulo II não é apenas o único tema a preocupar os suíços. Outra pesquisa, realizada pelo conhecido Instituto de Pesquisa Social de Zurique, revela que três quartos dos católicos suíços são favoráveis a ordenação de mulheres.

Também nove entre dez entrevistados defendeu o celibato facultativo para padres. Mais de dois terços gostariam que os bispos fossem escolhidos não pelo Papa, mas sim elas dioceses.

Os católicos suíços são críticos a linha defendida pelo atual Papa durante todo o seu pontificado. “Obviamente a vinda do Papa reacende uma série de questões sensíveis”, admite Agnell Rickenmann, secretário-geral da Conferência de Bispos da Suíça.

“Porém se nós convidados o Papa, é necessário antes escutar o que ele tem a dizer”, e completa, “trata-se de uma questão de cortesia”. Essa opinião é partilhada também pelo padre jesuíta Albert Longchamp: – “Os suíços vivem uma grande desconfiança em relação ao Supremo Pontífice”.

A explicação também está na história do país dos Alpes. “Mesmo se a religião católica é hoje em dia a mais importante do país, a reforma protestante marcou profundamente os suíços”.

swissinfo com agências

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