Nova compra de respiradores envolvida em polêmica na Bolívia
Uma compra de respiradores da China para tratar pacientes com a covid-19 originou novas denúncias de superfaturamento na Bolívia e pedidos de investigação, embora o governo negue qualquer irregularidades no caso, nesta quinta-feira (27).
“Queremos mostrar a todo o país que a compra dos 324 respiradores, que foram distribuídos em todos os departamentos do país, foi feita de maneira correta e transparente. Não houve superfaturamento”, afirmou a ministra da Saúde, Eidy Roca, em coletiva de imprensa.
A ministra respondeu a relatos publicados pela imprensa local de um suposto superfaturamento de seis milhões de dólares na aquisição dos equipamentos chineses.
O governo afirmou ter pago 11,6 milhões de dólares pelos respiradores, fabricados pela empresa chinesa Guangzhou Yueshen Medical Equipment Co. Cada respirador custou 35.858 dólares, de acordo com o poder executivo.
O vice-ministro da Transparência, Guido Melgar, garantiu que o preço unitário de fábrica de cada equipamento é de 18.500 dólares e não de 8.500 dólares, como relataram alguns meios de comunicação. Melgar explicou que custos adicionais de importação elevaram o preço para 35.858 dólares a unidade.
Contudo, a defensora do Povo (ombudsperson), Nadia Cruz, pediu à Procuradoria e à Controladoria-Geral do Estado “iniciar a supervisão e investigação, respectivamente, sobre a aquisição de 324 respiradores de procedência da China, realizada pelo Ministério da Saúde em maio”.
A defensora justificou seu pedido dizendo que “presumidamente” houve “um superfaturamento de seis milhões de dólares”.
O governo transitório da Bolívia destituiu em maio o então ministro da Saúde Marcelo Navajas, após denúncias de superfaturamento na compra de 179 respiradores espanhóis no valor de 4,7 milhões de dólares, quase o triplo do preço real.
O governo afirmou várias vezes que buscará a recuperação do dinheiro e a devolução dos respiradores.
A Bolívia, país de 11 milhões de habitantes, registra mais de 112.000 casos de coronavírus e 4.700 óbitos.