Direita nacionalista pode provocar crise no governo

As bancadas de três partidos do governo recusam-se a participar de reuniões com o Partido do Povo Suíço. A crise é provocada por declarações do líder do PPS, Christoph Blocher (à direita) contra os socialistas. O ministro Adolf Ogi, do PPS, está isolado.

A troca de acusações de “xenofobia” e “concepção fascista do mundo” está provocando uma tempestade na política suíça. Por enquanto, a crise é limitada ao Parlamento mas pode chegar ao governo, formado pelos quatro maiores partidos do país constituindo a “fórmula mágica” em que esses partidos dividem os 7 ministérios que formam o Executivo.

A crise surgiu com a troca de acusações entre o Partido Socialista e o Partido do Povo Suíço, os dois maiores do país depois das eleições de outubro. O problema é que o PPS tem uma ala moderada, à qual pertence o ministro da Defesa Adolf Ogi (à esquerda, na foto) e uma ala nacionalista e populista liderada pelo empresário Christoph Blocher (à direita).

Devido as posições do PPS de Blocher contra a imigração, a integração à União Européia e de críticas a organizações judaicas, os socialistas denunciaram as “tendências xenófobas” dentro do PPS. A réplica veio em seguida com Blocher afirmando que “a ideologia atual dos socialistas sabota a soberania do país e mais próxima que nós da concepção fascista do mundo”.

A reação do PS também foi imediata. Os socialistas decidiram deixar de participar das reuniões de bancada no Parlamento, na presença do PPS. A novidade é que os outros dois partidos de centro (Decratas Cristão e Radical) fecharam com o PS e dizem que também não participam devido os excessos verbais de Blocher.

Se restrita ao Parlamento, a crise acabará sendo resolvida mas pode chegar ao governo federal. O ministro da Defesa e atual presidente da Suíça, Adolf Ogi, membro da ala moderada do PPS, pediu que o Partido se distanciasse das teses de Blocher, o que pelo menos por enquanto, não ocorreu. Ogi está isolado dentro do próprio Partido e os socialistas pedem que a saída do PPS do governo. É certamente o que quer Blocher, colocando o PPS como forte oposição.

Claudinê Gonçalves.