Parlamento é a favor da dupla nacionalidade
O debate sobre a dupla cidadania de algumas autoridades suíças parece ter sido resolvido com a rejeição da Câmara dos Deputados a uma moção para evitar que titulares de dois passaportes ocupem cargos no governo.
A questão surgiu há um ano, quando Ignazio Cassis, que detinha as nacionalidades suíça e italiana, foi nomeado ministro das Relações Exteriores. Seu rival mais próximo, o secretário estadual Pierre Maudet, de Genebra, também era binacional, suíço e francês. Apesar de Cassis ter abdicado de seu passaporte italiano para conseguir o cargo, o debate continuou em aberto.
No entanto, na terça-feira (11), a Câmara dos Deputados rejeitou por uma iniciativa parlamentar para impedir que cidadãos com dupla nacionalidade se representem ao governo suíço. A derrota retumbante de 125 votos a 64 parece ter resolvido a questão.
Os defensores da iniciativa argumentaram que os binacionais podem apresentar uma lealdade dividida quando lidam com questões contenciosas envolvendo outros países. Mas o dobro dos votos contra dos parlamentares descartou os receios. Assinalou-se durante o debate que quase 20% de todos os cidadãos suíços têm dupla nacionalidade.
A Organização dos Suíços do Estrangeiro (OSELink externo) também entrou no debate no ano passado, expressando descontentamento pelo fato de que a lealdade dos binacionais estivesse sendo questionada. Quase três quartos dos 775 mil suíços que vivem no exterior têm mais de um passaporte.
"Achamos, pelo contrário, que a dupla nacionalidade é um enriquecimento, pois oferece uma visão e um modo de pensar diferente em certas realidades. Ter dois passaportes pode ser interessante, inclusive para um membro do governo. Em alguns casos, pode até facilitar negociações com outros países", declarou na época a diretora da OSE, Ariane Rustichelli.

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