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Um homem de Estado bastante criticado

O ministro responde na Câmara, dia 11 de junho de 2009. Keystone

Pascal Couchepin ficará na memória como o ministro que queria fazer os suíços trabalharem mais tempo, mas foi confrontado com a realidade. Ele também teve de rever suas ambições de reforma do sistema de saúde.

A seguir, um resumo dos anos passados no Excutivo suíço (Conselho Federal), em que foi inicialmente ministro da Economia e, de 2002 até o final de outubro, ministro do Interior.

Com 11 anos no Conselho Federal (Executivo), Pascal Couchepin ficará em função mais tempo do que a média dos integrantes do gabinete de governo. Defensor da aposentadoria aos 67 anos, é com essa idade que ele se retira do governo, também acida da média.

Na Suíça, os sete membros do governo federal, que ocupam um ministério cada, são eleitos pelo Parlamento, reeleitos de quatro em quatro anos (salvo raras exceções) e se demitem quando querem.

Média de dez anos no governo

Entre os ministros atualmente no cargo, somente Moritz Leuenberger, que completa 14 anos no governo no final de setembro, está há mais tempo do que Couchepin. Em geral, eles ficam no governo aproximadamente dez anos.

Samuel Schimid, o último ministro que saiu, ficou oito anos. Desde de 1959, o recorde de permanência no cargo é de Kurt Furgler, que foi ministro durante 15 anos. Desde 1848, o recorde absoluto é de Karl Schenk, que ficou quase 32 anos no governo.

Em contrapartida, o fato de não serem reeleitos e problemas de saúde encurtaram o mandado de certos ministros. Christoph Blocher ficou apenas quatro anos no governo (não foi reeleito em 2007) e Ruth Metzler um pouco mais (quatro anos e nove meses). Elisabeth Kopp e Alphons Egli ficaram menos de cinco anos. Rudolf Friedrich permeneceu apenas dois anos.

Mais novos e mais velhos

A passagem, em 1913, de Louis Perrier pelo governo foi ainda mais breve porque ele faleceu 14 meses depois de sua eleição. Com a saída de Pascal Couchepin, o ministro das Finanças, Hans-Rudolf Merz, é o ministro mais idoso, pois vai completar 67 anos em novembro.

O governo suíço tem outros dois sexagenários. Micheline Calmy-Rey, das Relações Exteriores, de 64 anos, e Moritz Leuenberger (Transportes, Comunicações, Energia e Meio Ambiente), 63. Os três últimos que foram eleitos são os mais jovens: Ueli Maurer (Defesa) tem 58 anos, Eveline Widmer-Schlumpf (Justiça e Polícia), 53, e Dóris Leuthard (Economia), tem 46 anos.

Aposentadoria aos 67 anos

Logo após ser empossado no Ministério do Interior, movido por seu desejo de anunciar mudanças, Couchepin provocou fortes reações ao propor a elevação da idade de aposentadoria de 65 para 66 ou 67 anos. Ele foi criticado pelo próprio Partido Radical Democrático (PRD), que o culpou pela derrota nas eleições legislativas federais de 2003.

Ele se orgulhava de nunca ter perdido uma votação, mas foi derrotado pela primeira vez em maio de 2004, quando os eleitores rejeitaram a 11a revisão do sistema de aposentadoria mínima (AVS).

Esse episódio contribuiu para acirrar ainda mais o confronto entre a esquerda, que o acusava de “lamber as botas” das seguradoras, a direita chamada aqui de burguesia, que considerava a reforma necessária devido ao aumento da expectativa de vida. O ministro engavetou seu projeto de aumentar a idade da aposentadoria, mas sempre disse que a história lhe daria razão.

Política de Saúde decepcionante

Da mesma maneira que o AVS, a revisão do sistema de seguro de saúde tornou-se um mar sem fim. Portanto, como representante da direita e dada a sua reputação de quem toma decisões, Pascal Couchepin havia suscitado uma enorme esperança de que mudaria a política de saúde para conter os custos.

Depois de uma calmaria em 2008 e 2009, como prometido antes da votação para criar uma caixa pública única para os seguros de saúde, as mensalidades deverão aumentar, em média, 15% no ano que vem, conforme previsões das seguradoras.

A estratégia de Couchepin de reduzir as reservas das seguradoras para conter a alta não deu resultados. O Parlamento tem seus próprios modelos, mas também não avançou devido aos conflitos de interesses.

Claudinê Gonçalves, swissinfo.ch (com agências)

Membro do Partido Radical, atualmente Liberal-Radical, ele foi eleito para o primeiro mandato aos 26 anos de idade, no Executivo de sua cidade natal, Martigny, no estado do Valais (sudoeste).

Dezesseis anos depois, em 1984, o advogado-notário de profissão tornou-se prefeito da cidade, cargo que ocupou até 1998. Foi eleito deputado federal em 1979. De 1989 a 1996, foi líder da bancada radical no Parlamento Federal.

Autor de um livro intitulado Eu creio na ação política, Couchepin nunca escondeu que aspirava as mais altas funções do Estado. Atingiu seu objetivo em 11 de março de 1998, quando foi eleito para suceder o ministro Jean-Pascal Delamuraz.

Assumiu o Ministério da Economia, onde ficou até o final de 2002. Passou então para o Ministério do Interior, que engloba a seguridade social, saúde, cultura e pesquisa.

Nascido a 5 de abril de 1942, Pascal Couchepin é casado e pai de duas filhas e um filho, adultos.

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