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Lula reage às ameaças de Trump: “Chantagem inaceitável”

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KEYSTONE

Lula chamou de “chantagem inaceitável” a ameaça de Trump de impor tarifas ao Brasil em defesa de Bolsonaro. A mídia suíça destaca a crise diplomática e o impacto político do julgamento do ex-presidente por tentativa de golpe.

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De 12 a 18 de julho de 2025, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal ou África lusófona.

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Tarifas: Lula diz que ameaça de Trump é “chantagem inaceitável” 

O presidente brasileiro condena o anúncio do seu homólogo americano de impor uma sobretaxa de 50% ao Brasil se continuar a “atacar” Jair Bolsonaro. 

O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva classificou na quinta-feira como “chantagem inaceitável” a ameaça de Donald Trump de impor uma sobretaxa alfandegária de 50% ao Brasil, durante um discurso transmitido pela televisão nacional, noticiaram os jornais do grupo Tamedia, entre eles o 24HeuresLink externo, de Lausanne. 

Em 9 de julho, o presidente americano anunciou uma sobretaxa aduaneira de 50% sobre as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto. Ele invocou uma suposta “caça às bruxas” contra seu aliado, o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, julgado por tentativa de golpe de Estado. 

Durante seu discurso na televisão, Lula também chamou de “traidores da pátria” “certos políticos brasileiros” que apoiam as ameaças de Trump contra a maior economia da América Latina. 

Fonte: 24HeuresLink externo, em 18.07.2025 (em francês) 

Apelidado de “pesadelo de Trump”, o mercado da Rua 25 de Março, em São Paulo, acusado de pirataria por Washington, atrai 200 mil pessoas por dia. 

No centro histórico de São Paulo, bairro ao mesmo tempo vibrante e carente da maior megalópole da América Latina, a rua 25 de Março e seus arredores atraem cerca de 200 mil pessoas por dia que vêm fazer suas compras em mais de 3 mil estabelecimentos registrados em 17 ruas, segundo a União dos Comerciantes, citada pelo jornal online suíço 20MinutesLink externo

No labirinto de suas galerias comerciais e barracas nas ruas, a “25”, como é chamada aqui, oferece – no atacado e no varejo – produtos nacionais ou importados, autênticos ou falsificados, de excelente ou péssima qualidade. Eletrônicos, roupas, perfumes, joias, têxteis, brinquedos, bebidas alcoólicas, brinquedos sexuais e muito mais: os moradores de São Paulo gostam de dizer que “se você não encontrar algo na 25, não encontrará em lugar nenhum”. 

“As tarifas de Trump são culpa de (Jair) Bolsonaro, é pura política”, afirma Anderson Ferreira, vendedor de eletrônicos de 52 anos. Donald Trump justificou a ameaça tarifária contra o Brasil invocando uma suposta “caça às bruxas” contra seu aliado brasileiro, o ex-presidente de extrema direita Jair Bolsonaro. Este último está sendo julgado por uma suposta tentativa de golpe de Estado em 2022 com o objetivo de impedir a posse do atual presidente de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva. 

Fonte: 20MinutesLink externo, em 18.07.2025 (em francês) 

A situação não está boa para o ex-presidente 

A promessa de Trump de ajudar o político brasileiro com tarifas não o salvará. 

No Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro está sendo julgado. A acusação: tentativa de golpe. Ele pode pegar uma pena de prisão de décadas, e as provas são contra o político de extrema direita. 

Nessa situação difícil, um aliado político quis ajudá-lo: Donald Trump. O presidente dos EUA vê o processo contra Bolsonaro como uma “caça às bruxas” que precisa acabar “imediatamente”. Caso contrário, Washington imporá tarifas: 50% de impostos punitivos sobre todos os produtos brasileiros. 

Isso deveria ter sido um golpe libertador para seu amigo no Brasil. Agora, porém, parece que o contrário está acontecendo. Bolsonaro agora também está sob pressão de sua base. Dizem que ele é um “falso patriota” que coloca seu próprio bem acima do bem do povo de seu país. 

Jair Messias Bolsonaro tem 70 anos. Após uma breve carreira no exército, ele entrou para a política no final dos anos 80. Lá, ele foi eleito para o Congresso, mas permaneceu como um deputado sem influência, conhecido por suas posições radicais. Às vezes, ele criticava a igualdade de direitos, outras vezes glorificava a ditadura militar, explica o jornal Der BundLink externo, da capital Berna. 

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Apoiadores do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, usando máscaras do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do ex-presidente Jair Bolsonaro como prisioneiro, protestam contra o anúncio de Trump de tarifas de 50% sobre o Brasil, em São Paulo, quinta-feira, 10 de julho de 2025. Copyright 2025 The Associated Press. All Rights Reserved

Por isso, nas eleições presidenciais de 2018, ele era inicialmente considerado um azarão. No entanto, muitos brasileiros estavam frustrados com a situação política do país e, no final, tantos votaram nele que Bolsonaro conseguiu chegar ao palácio presidencial.  

Seu mandato foi marcado por enormes incêndios na Amazônia, que Bolsonaro sempre minimizou, assim como o coronavírus. Uma “gripezinha”, nada mais. E já em 2021, um ano antes do fim de seu primeiro mandato, Bolsonaro declarou que via apenas três cenários futuros para si mesmo: “Ou eu serei preso, serei vítima de um atentado – ou serei reeleito”. 

Secretamente, o chefe de Estado teria trabalhado em uma quarta alternativa: um golpe de Estado. O Ministério Público brasileiro o acusa de ter preparado, junto com militares de alto escalão, um plano para tomar o poder caso perdesse as eleições. E quando ele realmente perdeu para seu adversário de esquerda, Luiz Inácio Lula da Silva, em 30 de outubro de 2022, os apoiadores de Bolsonaro se mobilizaram e invadiram o complexo do Congresso Nacional na capital Brasília poucos dias após a posse do novo governo. 

Embora os distúrbios tenham sido rapidamente controlados, a participação de Bolsonaro agora será esclarecida em tribunal. O ex-presidente nega todas as acusações, mas, ao mesmo tempo, parece ter enviado um de seus filhos, Eduardo Bolsonaro, aos Estados Unidos para pedir ajuda a Donald Trump. 

O fato de o presidente dos EUA estar agora tentando influenciar o judiciário brasileiro com tarifas alfandegárias é, por um lado, um sucesso para Bolsonaro. Ao mesmo tempo, porém, ele obviamente subestimou o tamanho da resistência em seu próprio país contra tal interferência externa. 

Políticos poderosos de todos os partidos se opõem abertamente às tarifas de Washington, e dentro de seu próprio partido, antigos aliados de Bolsonaro se distanciam dele. Enquanto isso, o presidente de esquerda do Brasil ganha força nas pesquisas, porque invoca a independência do Brasil e desafia abertamente Washington. 

Jair Bolsonaro agora tenta uma fuga para a frente: ele mesmo poderia conversar com Donald Trump, sugere o ex-presidente. “Acho que tenho a capacidade de resolver essa questão.” O que ele não tem, porém, é um passaporte para voar para Washington: o documento de Bolsonaro foi apreendido pela polícia em 2024, no âmbito das investigações sobre o golpe. 

Fonte: Der BundLink externo, em 17.07.2025 (em alemão) 

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