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Visite um “Bunker”

Essa casa lembra mais um estábulo, porém suas portas abrem para a boca do "bunker" e seu canhão. Keystone

Com o final da “Guerra Fria” mais de 13 mil bunkers e fortalezas tornaram-se supérfluos na Suíça.

Enquanto alguns viram museus, outros são reformados como hotéis para receber turistas suíços e estrangeiros.

O turista que caminha pelos belos e bucólicos povoados localizados à beira do lago de Faulensee, no cantão de Berna, não podem imaginar que a região está armada até os dentes.

No centro da aldeia, que tem o mesmo nome do lago, quatro casas de madeira estão fechadas como se houvessem sido abandonadas. Elas lembram mais estábulos ou chalés de montanha. Aqui e acolá ainda se encontram instrumentos agrícolas jogados num canto. Nenhum turista pode imaginar o perigo que se esconde atrás dessas portas.

Canhões camuflados

Essa aparência bucólica é apenas uma camuflagem que serve para esconder “bunkers”, as fortificações suíças equipadas com canhões e lançadores de granadas.

Dentro delas os soldados estariam protegidos para combater o inimigo. Suas paredes são de concreto e as galerias estão ligadas entre si por um sistema de canais subterrâneos. Os principais armamentos são quatro canhões com bocas de 10,5 centímetros, um calibre já suficiente para dizimar algumas companhias ou tanques de guerra.

Para assegurar que os soldados suíços pudessem passar o máximo de tempo possível agüentando o contra-ataque de forças inimigas, os bunkers estão também equipados com sala de munições, de dormir e até um sistema de iluminação de emergência, com lâmpadas que funcionam à base de petróleo.

Essa fortaleza secreta, construída entre 1941 e 1942, tinha por finalidade defender a linha de trem de Lötschberg, caso a Suíça fosse invadida por tropas nazistas.

Fim da Guerra Fria obriga mudança de conceito

A Segunda Guerra Mundial terminou e a “Guerra Fria” ainda manteve a importância estratégica das fortificações. Porém, desde a queda do Muro de Berlim, esse sistema de defesa ficou obsoleto e obrigou o exército suíço a tomar um novo rumo.

A partir de 95, uma plano de reestruturação intitulado “Forças Armadas 95” foi adotado para tornar o exército mais ágil e moderno. Uma das idéias foi se desfazer desse sistema de fortaleza, bunkers e obstáculos espalhados por todo o país.

Um exemplo ocorreu em junho de 2002 com a própria fortaleza no lago Faulensee. Ela foi vendida pelo exército suíço à “Fundação Fortaleza de Faulensee” por um valor simbólico.

Faulensee é apenas uma das fortalezas vendidas

A fortaleza é apenas uma das 70 instalações militares de grande porte e mais 13 mil de pequeno porte, como bunkers ou obstáculos anti-tanques que estão sendo desativados ou vendidos pelo exército.

Até o início dos anos 90 existiam apenas duas dessas fortalezas: uma em Vallorbe e a outra em Reuenthal. De 1993 até hoje esse número foi acrescentado em mais 12 fortes, que se transformaram em museus ou espaços abertos ao público. O interesse por essas interessantes peças é, porém, restrito: a fortaleza de Reuenthal recebe apenas 11 mil turistas por ano.

swissinfo, Andréas Weidmann
adaptado por Alexander Thoele

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