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25 anos a serviço da igualdade

Sindicalistas festejavam o décimo aniversário da greve das mulheres. Keystone

Quando a primeira Secretaria pela Igualdade entre homens e mulheres foi criada, muita gente sorriu.

25 anos depois, os 26 estados e a administração federal têm suas secretarias. Mesmo assim, a igualdade não é uma prioridade política, apesar de estar inscrita na Constituição desde 1981.

En 1979, quando o recém criado Cantão do Jura, instaurou a primeira secretaria da condição feminina muita gente sorriu. Hoje, o exemplo foi seguido pelos outros cantões e pela administração federal. O direito à igualdade entre homens e mulheres está inscrito na Constituição federal desde 1981.

“O balanço até agora é regular. A igualdade evoluiu na Suíça mas os objetivos iniciais não foram atingidos”, afirma a deputada socialista Liliane Maury-Pasquier.

“Sem dúvida, será preciso mais de uma geração para chegar lá”, acrescenta a deputada.

Vontade política

A diretora da Secretaria Federal pela igualdade entre homens e mulheres (BFEG), Patrica Schulz, acredita que existe vontade políticas das autoridades em promover a igualdade.

No entanto, isso não ocorre em todos os meios políticos e certos partidos não hesitam em defender o fechamento dessas secretarias. Isso provocou mobilizações em Basiléia, Berna e no Valais, por exemplo.

A União Democrática do Centro (UDC), o mais à direita dos quatro partidos que governam a Suíça, propôs fechar as secretarias em Genebra e em Zurique. “O partido questiona sistematicamente os estudos sociológicos sobre a questão e a oportunidade de financiá-los”, afirma a diretoria da Secretaria da Igualdade em Zurique, Kathrin Arioli.

Essa pressão por motivos financeiros é injustificada “porque os orçamentos são mais que insuficientes”, afirma a deputada Liliane Maury-Pasquier.

Os preconceitos resistem

As mentalidades evoluem muito lentamente e a polarização atual da política suíça não é favorável, analisa a deputada federal socialista Maria Roth-Bernasconi.

“Só há progresso na igualdade quando é formada uma maioria entre esquerda e direita sobre a questão”, explica Patricia Schulz. “As mudanças sociais e o aumento da atividade remunerada das mulheres já obrigou os partidos a evoluirem”, acrescenta.

Mas a igualdade entre homens e mulheres ainda não é uma prioridade política. A opinião pública reproduz inconscientemente o modelo arcaico do homem que trabalha e da mulher que cuida da casa e dos filhos, afirma a deputada Bernasconi.

Por sua vez, o diretor da União Patronal Suíça, Peter Hasler afirma claramente:
“Não podemos obrigar as mulheres a fazer carreira e os homens a fazer o trabalho doméstico.”

Os patrões tentar favorecer a igualdade de salários e a conciliar família e carrreira. Mas, acrescenta Hasler, “como empregador nós não podemos mudar a sociedade e sim melhorar no que for possível”.

Maria Roth-Bernasconi lamenta que “as empresas têm dificuldade em criar postos de trabalho a tempo parcial – facilitando a divisão de tarefas entre o casal – principalmente para os homens e nos cargos de responsabilidade”.

Demografia pode ajudar

No entanto, o impulso poderá vir das empresas devido o problema do envelhecimento da população. “As mulheres constituem a fonte de mão de obra qualificada mais acessível”, afirma Patrica Schulz.

“As empresas sabem que é importante fidelizar seu pessoal formado e por isso poerão adotar condições de trabalho mais favoráveis às famílias”, acrescenta a especialista.

“É uma questão de gestão dos recursos e da estabilidade da sociedade: uma sociedade desigual não evolui”, conclui a deputada Maria Roth-Bernasconi.

swissinfo e agências

A primeira Secretaria pela Igualdade foi crida no Cantão do Jura, em 1979.
O exemplo foi seguido pelos outros cantões, embora com orçamentos insuficientes.
Em 1981, o princípio da igualdade entre homens e mulheres foi inscrito na Constituição.

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